Segundo pesquisa exclusiva, 68% dos trabalhadores acreditam que são mais produtivos ou muito mais produtivos no trabalho remoto
Se você é um dos profissionais querendo negociar seus dias de trabalho remoto, provavelmente um dos seus argumentos passou pela sua maior produtividade com o modelo mais flexível.
Segundo a pesquisa exclusiva “Modelos de trabalho pós-pandemia”, da PwC e do Page Group, 68% dos trabalhadores acreditam que são mais produtivos ou muito mais produtivos no trabalho remoto.
No entanto, essa não é visão da maioria da chefia. Para 40%, não há diferença nas entregas quando o trabalho é flexível. Nesse estudo, foram ouvidos cerca de mil profissionais no Brasil, de 17 de janeiro a 4 de fevereiro deste ano.
Os fatores que seriam negativos para a produtividade também divergem entre líderes e liderados. Segundo os funcionários, a falta de contato com equipes e dificuldades de acesso a sistemas da empresa dificultam as entregas.
Ainda assim, em segundo lugar, boa parte dos entrevistados disse que nenhum fator é significativo para afetar a sua produção no dia a dia.
Do lado dos líderes, três fatores pesam negativamente na resposta sobre a produtividade no home office:
infraestrutura ou local inadequado em casa;
falta de contato entre as equipes;
distrações pessoais
Segundo Tatiana Fernandes, sócia e líder de Capital Humano da PwC Brasil, já havia uma expectativa de uma diferente entra percepções quando iniciaram a pesquisa.
“Em geral, o tempo de deslocamento para chegar ao local de trabalho tende a ser maior entre colaboradores do que entre executivos. Assim, o ganho de produtividade tende a ter uma percepção maior entre quem ganhou esse tempo”, diz.
Mas essas horas extras economizadas no trânsito não necessariamente se tornam em tempo de lazer ou para resolver assuntos pessoais. Na verdade, quase metade dos trabalhadores dizem trabalhar quatro horas extras ou mais por semana. E mais 20% responderam que trabalham algumas horas além do expediente.
Entre as lideranças, ninguém respondeu o mesmo. Para 59%, o tempo de trabalho não muda com o trabalho remoto. E apenas 26% relataram trabalhar quatro horas extras ou mais por semana.
“De fato, quando pensamos em tempo extra de trabalho, as horas livres do tempo de deslocamento começaram a ser incorporadas na rotina. Esse passou a ser tempo de produtividade. E isso gera alerta para temas relevantes, como o Burnout”, fala a sócia.
Para Paul Ferreira, Professor de Estratégica e Liderança e Diretor do Mestrado Profissional em Administração na Fundação Getúlio Vargas (FGV-EAESP), os dados mostram como a produtividade é uma percepção subjetiva para cada pessoa.
Ao olhar a pesquisa, ele destaca que as mulheres relataram maior produtividade do que os homens e 78% dizem que poderiam realizar todas ou quase todas suas tarefas de casa.
“Antes da pandemia, em geral as mulheres já eram mais produtivas. Isso é mostrado em pesquisas que temos em nível mundial. Na pandemia, elas viram uma redução de produtividade por conta de tarefas acumuladas em casa. Agora, vemos um ponto de equilíbrio, elas conseguiram reencontrar a produtividade no modelo flexível”, diz.
Na avaliação sobre o trabalho em casa ser bom ou ruim para a entrega, Ricardo Basaglia, CEO do PageGroup Brasil, reflete que a performance no mundo corporativo deve ser vista como uma maratona, e não uma corrida de 100 metros.
Em dois anos de pandemia e isolamento, ele diz que algumas convenções foram criadas para trabalhar naquela situação de emergência e agora todos sofrem para entender o que é normal. Assim, a produtividade precisa ser avaliada ao longo da jornada e não apenas em determinado período.
“É da essência humana ter o desafio para lidar com mudança. Quem teve a possibilidade de trabalhar de casa não teve tempo para pensar nessa mudança. Agora, a volta ao escritório é um tema que estamos falando há mais de um ano. Doeu em todo mundo para criar a nota rotina lá atrás e vamos mudar de novo. Se criar uma rotina é difícil, criar duas rotinas no modelo híbrido é mais desafiador”, afirma.
Como fazer o trabalho flexível funcionar?
Os três especialistas também deixar recomendações para navegar esse momento:
Basaglia: “Acho que esse momento requer responsabilidade, tanto da liderança quanto dos times. Reconhecer o desafio de todos é fundamental, então o momento requer empatia”.
Fernandes: “Quando a gente fala de responsabilidade, acho que existe uma pressão sobre o líder para exercer seu papel com os colaboradores, com a organização e com a cultura. Acho que esse também é o momento que as empresas vão ter que cuidar de quem cuida e dar suporte para a liderança”.
Ferreira: “Vivemos um monte de tensões e muitas escolhas. Se tento fazer um consenso, posso acabar com uma regra geral que desagrada e não resolve. Precisamos ter uma abordagem paradoxal sobre os problemas. Se ficarmos muito na preferência das pessoas, não vai ser possível definir nada. Temos que pensar no que é crítico para executar as funções”.
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