Por Cibelle Bouças

O mercado brasileiro de comércio eletrônico cresceu a taxas de 35% ao ano na última década e encerrou 2012 com um incremento de 20% em receita, para R$ 22,5 bilhões, segundo a consultoria e-bit. O UOL foi um dos grupos brasileiros a se beneficiarem dessa expansão. Com a oferta de hospedagem de sites, armazenagem de dados, venda de publicidade, pagamento on-line e outros serviços, a companhia chega a seu 17º ano com uma carteira de 300 mil lojas virtuais, 23 milhões de compradores e 4 milhões de pessoas físicas que vendem produtos e serviços no UOL.

Agora, os executivos do UOL voltam seus olhos para um negócio que cresce de forma significativa fora da web: o pagamento eletrônico. Nesta segunda-feira, a companhia lança um leitor de cartões de crédito, voltado a pequenos lojistas e profissionais liberais que não são atendidos por companhias como Cielo e Redecard.

O sistema de pagamentos é composto por um leitor de cartões – que pode ser acoplado a iPhone e iPad (da Apple) e a smartphones e tablets com sistema operacional Android, do Google – e aplicativos para a realização das vendas. Para efetuar a venda, basta conectar o leitor de cartões no aparelho, digitar o valor da compra, passar o cartão e efetuar a operação, como se faz com uma máquina de captura de transações (POS) convencional. O recibo da compra é enviado para o e-mail do consumidor.

As transações são protegidas por softwares de segurança e não ficam gravadas no aparelho, disse Ricardo Dortas, diretor do PagSeguro – serviço de pagamento on-line do UOL criado em 2007. O leitor de cartões é adaptado para atender a nove bandeiras de cartões de crédito, incluindo Visa, Mastercard, Hipercard, American Express, Diners e Elo. Dortas disse que o UOL levou cerca de um ano para desenvolver o novo serviço de pagamento eletrônico. Os dispositivos são produzidos por fabricantes terceirizados da China, dos EUA e da Europa. “Preferimos levar um pouco mais de tempo e oferecer uma ferramenta completa, a lançar algo sem muita qualidade só para marcar posição no mercado”, disse Dortas.

Esse tipo de dispositivo não é novidade no Brasil. Nos últimos anos, algumas companhias investiram na oferta de serviços de pagamento eletrônico com uso de leitores de cartões. É o caso de empresas como a carioca Zoop, a paulista Go Pay e a PagPop, de Ribeirão Preto (SP). O modelo de negócios, que em 2012 registrou US$ 10 bilhões em transações nos EUA, baseia-se na experiência da americana Square, serviço de pagamento móvel criado em 2010 pelo cofundador do Twitter, Jack Dorsey.

Marcelo Epstejn, diretor-geral do UOL, considera que o peso da marca pode favorecer a companhia na competição por esse segmento de mercado. “Ao longo dos anos adquirimos bastante conhecimento do que as lojas precisam e do que agrada os consumidores. Reunimos o conhecimento nesse produto”, afirmou.

O leitor de cartões será vendido com a marca PagSeguro. O dispositivo pode se conectar à internet por redes sem fio (Wi-Fi) ou conexão de terceira geração (3G).

Dortas disse que o serviço não tem taxa de adesão, o que torna mais atraente para profissionais liberais e varejistas sem condições de adquirir uma máquina de captura de transações. O dispositivo será vendido em 12 parcelas de R$ 9,90. Após a compra do aparelho, o vendedor pagará um percentual sobre as vendas realizadas. A alíquota foi mantida em sigilo pelos executivos. Os concorrentes cobram em média 2,7% sobre o valor da venda.

“O serviço também permitirá ao vendedor oferecer o pagamento em parcelas com cartão de crédito, o que outros competidores não dispõem atualmente”, disse Dortas. A expectativa do diretor do PagSeguro é atrair “alguns milhares de empreendedores” no primeiro ano de oferta do leitor de cartões. Para o executivo, o serviço permitirá ao PagSeguro expandir o seu universo de empresas clientes, atualmente composto por companhias de pequeno a grande porte. “Agora o PagSeguro vai chegar aos microempresários”, disse Dortas. A companhia planeja lançar mais serviços de pagamento eletrônico ainda neste ano.

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