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Bancos reforçam arsenal na batalha contra o dinheiro

por: Afonso Bazolli
em: Notícias
fonte: Valor Econômico
19 de janeiro de 2014 - 14:07

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Por: Felipe Marques

Pagar a diarista com dinheiro de plástico, tendo ela conta em banco ou não. Transferir para um amigo a sua parte na conta do restaurante, com a facilidade que se conversa no WhatsApp, o sistema de mensagem instantânea presente em smartphones. Acertar aquele café preto e pão na chapa pagando no cartão, sem nem precisar abrir a carteira. Apostar na Mega Sena – e torcer para um 2014 com vida nova – sequer pisando na lotérica, direto pelo celular.

A lista de projetos dos maiores bancos brasileiros para transformar a relação com o dinheiro nosso de cada dia ganha novas adições a cada ano. A Caixa Econômica Federal prepara uma carteira eletrônica onde passará a depositar benefícios sociais que distribui, como o Bolsa Família. O Banco do Brasil lançou recentemente um cartão pré-pago para diminuir o volume de saques em caixas eletrônicos. O Itaú Unibanco criou um aplicativo que permite transferências instantâneas entre correntistas. E o Bradesco aposta firme em cartões que fazem compras por aproximação e na parceria com a operadora de telefonia Claro.

Não é de hoje que as instituições financeiras testam novas tecnologias e modelos de negócios em pagamentos digitais, na tentativa de diminuir o uso do papel moeda – junto com o custo que isso lhes traz – e aumentar a comodidade aos correntistas. Só que em 2014 esses experimentos tendem a ganhar uma nova dimensão, uma vez que o Banco Central lançou, no fim do ano passado, as primeiras bases regulatórias para pagamentos digitais no Brasil.

“Acredito que 2014 vai ser um ano em que os bancos vão acelerar muito o lançamento de novas soluções de pagamento, depois da regulação”, diz Mário Neto, diretor executivo de cartões da Caixa. “Não vai haver uma solução única lançada por todos os bancos. Vamos trabalhar em projetos paralelos e complementares”, afirma.

O banco público lança, nos próximos meses, uma carteira eletrônica no celular, que pode substituir o cartão físico para quem recebe benefícios pela instituição (como o Bolsa Família). “A carteira digital vai servir até para pagar a ‘fezinha’ da lotérica”, diz. A instituição também tem projeto conjunto com a operadora de telefonia TIM.

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A Caixa é apenas uma amostra do que os bancos têm feito em pagamentos digitais. Ao reforçar o leque de opções de pagamento oferecidas aos seus correntistas, os bancos acirram uma disputa em que há anos vem ganhando terreno: a batalha contra o dinheiro. Dados da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs) estimam que 26,2% do consumo das famílias brasileiras tenha sido feito em cartões até junho de 2013. No começo de 2009, tal fatia era de pouco mais de 20%. Grande parte desse crescimento, contudo, se deu às custas da popularidade do cheque, não do dinheiro vivo.

A comparação internacional reforça o espaço que o Brasil ainda tem para avançar. Nos Estados Unidos, a fatia de cartões no consumo está próxima de 35%. No Reino Unido, 42%. No Canadá, 52%. As informações foram compiladas em uma apresentação recente feita pela Rede (ex-Redecard).

O que falta então para que o brasileiro aposente de vez o papel moeda? É isso que o Banco do Brasil tentou responder. A instituição entrevistou 2,6 milhões de correntistas, selecionados por serem os principais sacadores de dinheiro em caixas eletrônicos do banco. Juntos, chega na casa dos bilhões o montante anual sacado, diz Raul Moreira, diretor de cartões do BB.

Se engana, contudo, quem pensa que eles usam dinheiro por não ter cartão ou por serem novatos no sistema financeiro. Do grupo entrevistado, 76% tem mais de cinco anos como clientes do banco. Outros 29% estão no segmento de alta renda da instituição. Como um todo, essa base saca dinheiro, em média, sete vezes ao mês, ante uma média de três vezes dos demais correntistas do banco. “A principal justificativa era que os saques foram feitos para pagar funcionários, como a empregada, o jardineiro ou o piscineiro”, diz Moreira.

Para tentar resolver esse problema, o banco lançou um produto em que permite que o correntista consiga um cartão pré-pago para entregar ao funcionário e faça o pagamento por lá. O “cartão” pode ser físico ou estar apenas no celular. “São contas criadas na legislação do BC que podem ser abertas só com o CPF e número de celular”, afirma Moreira. “Pode ser que o funcionário simplesmente saque tudo no começo. Mas vai ter um cartão na mão e aos poucos vai testando usá-lo”, conta.

O robusto crescimento do setor de cartões, em especial no débito, contribui para encolher a diferença ante o dinheiro. Em 2013, o Brasil movimentou perto de R$ 800 bilhões em transações com cartões, um avanço de 17%.

“Independentemente de inovações em meios de pagamento, os cartões de débito e crédito no Brasil vão seguir avançando”, diz Alexandre Rappaport, diretor da Bradesco Cartões, embora não arrisque um cronograma para a migração do dinheiro. A complexidade de se estimar quanto tempo leva essa mudança de cultura é uma das explicações do por que a maior parte dos projetos dos bancos nessa área ainda não saiu da fase de piloto, afirma Rappaport.

“Os bancos têm sim condições de dar escala aos projetos, mas a dúvida é se há adesão dos clientes”. O Bradesco aposta na maturação de algumas iniciativas como a parceria com a operadora Claro para pagamentos móveis e os cartões que permitem pagamento por aproximação – possíveis facilitadores para a expansão do cartão em compras de tíquetes menores.

“Ainda não temos uma solução de pagamentos eletrônicos massiva, que vá mudar o mercado. O que temos são várias apostas e aprendizados em que percebemos cada vez mais a importância da satisfação do cliente nesse processo”, afirma o diretor de canais de atendimento do Itaú Unibanco, Ricardo Guerra. “Ninguém tem dúvida que o ‘mobile payment’ é uma tendência, mas aqui ou no resto do mundo não há uma referência clara de como ele deve ser implementado”, afirma Milton Maluhy, diretor executivo da área de cartões.

Mesmo sem uma bala de prata, o banco vem trabalhando em uma série de projetos para digitalizar meios físicos de pagamento. Entre os mais interessantes, está o Tokpag, uma espécie de WhatsApp do sistema financeiro. Para quem esteve em uma caverna nos últimos anos, o WhatsApp é um aplicativo de smartphone que, uma vez baixado, varre a lista de contatos do telefone em busca de quem também tem o programa, e permite a troca de mensagens instantâneas.

O Itaú aplicou a mesma lógica ao Tokpag, que também lê os contatos do celular, e permite transferências rápidas de dinheiro entre contas cadastradas na ferramenta. “Foi algo que desenvolvemos com base na demanda dos clientes por um jeito mais rápido de transferir dinheiro”, afirma Guerra. O banco também testa, junto com varejistas como a Livraria Cultura e o Pão de Açúcar, outras tecnologias de pagamentos móveis.

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