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19 de julho de 2012 - 0:02

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País tem a maior taxa de crédito rotativo entre sete países da América Latina, segundo pesquisa da ProTeste

Juros são de 323,14% ao ano; no segundo colocado, o Peru, taxa é de 55%, quase um sexto da brasileira

Por: Mariana Sallowicz e Maria Paula Autran

O Brasil tem a maior taxa média de juros do cartão de crédito na comparação com outros seis países da América Latina, mostra pesquisa da ProTeste (associação de defesa do consumidor) divulgada dia 17.

“Mesmo com a redução da Selic [taxa básica da economia, referência nas operações de crédito], os juros dos cartões seguem em um patamar extremamente elevado”, afirma Renata de Almeida Pedro, estatística da ProTeste.

No corte mais recente, na semana passada, a Selic atingiu 8% ao ano, o menor nível registrado desde o início da série histórica, em 1986.

O estudo apontou que o brasileiro que usa o financiamento por meio do cartão de crédito, o chamado rotativo, paga taxa média de juro anual de 323,14% (veja quadro).

A comparação foi feita com Argentina, Chile, Colômbia, Peru, Venezuela e México.

O segundo colocado, o Peru, tem taxa de 55% ao ano, quase um sexto da brasileira, seguido pelo Chile, com taxa de 54,24%. A Colômbia é a última da lista, com 29,23%.

Segundo a associação, não foram incluídos outros países, como os da zona do euro, por não financiarem saldos devedores de cartões de crédito, além de oferecerem taxas “sabidamente inferiores” em caso de atraso.

A média foi calculada com base nos valores cobrados pelos cartões de 13 instituições financeiras.

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CUSTO

Por causa do custo elevado, a recomendação da ProTeste é evitar utilizar o rotativo do cartão de crédito.

“Se o consumidor já estiver pagando juro no cartão de crédito, o ideal é fazer um novo financiamento em seu banco, com taxas menores, e quitar a dívida mais cara”, diz a especialista da associação.

Segundo o vice-presidente da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade), Miguel de Oliveira, dois motivos dificultam a queda nas taxas: a baixa concorrência do mercado brasileiro e a alta inadimplência.

“Há poucas empresas atuando e os consumidores não costumam trocar de banco atrás de taxas menores.”

A associação, que também pesquisa taxas com outra metodologia, aponta que os juros do cartão de crédito, de 238,3% ao ano em junho, não são alterados há 28 meses.

Em relação à inadimplência, a taxa de atraso no pagamento de contas superior a 90 dias foi de 29,49% em maio, segundo o Banco Central. Enquanto isso, a inadimplência de pessoas físicas em geral ficou em 8%.

“Os juros são altos para compensar a alta inadimplência. Por outro lado, como é um crédito caro, os consumidores deixam de pagar e a inadimplência sobe.”

OUTRO LADO

A Febraban (Federação Brasileira de Bancos) diz que não se pronuncia sobre práticas e políticas comerciais e negociais de seus associados.

A Abecs (Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços) informa que não detém gerência nem controle sobre a política comercial de suas empresas associadas.

De acordo com a associação, o mercado brasileiro tem peculiaridades, como parcelamento sem juros e período de até 40 dias sem juros para pagamento da fatura.

Segundo a entidade, hoje, só 29% das contas de cartões no Brasil têm juros e menos da metade delas corresponde ao rotativo (de acordo com dados de maio do BC).

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