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Lucro de bancos de médio porte cai 43%

por: Afonso Bazolli
em: Notícias
fonte: Valor Econômico
07 de setembro de 2015 - 18:05 - atualizado em 08 de setembro de 2015 às 0:37

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Por: Fabiana Lopes e Felipe Marques

Na contramão dos bancos grandes, as instituições financeiras de médio porte têm tido mais dificuldade em atravessar a crise econômica sem perder rentabilidade. Das sete principais instituições financeiras de menor porte listadas em bolsa, apenas três reportaram lucros maiores no segundo trimestre ante igual período do ano passado. Juntos, esses sete bancos – ABC Brasil, Pine, Daycoval, Pan, Sofisa, Paraná e Indusval – tiveram no segundo trimestre lucro 43,3% menor que o reportado no ano anterior.

O que essas instituições argumentam, de uma maneira geral, é que os ganhos têm sido limitados pela maior cautela em conceder crédito e pelo crescimento das provisões para enfrentar o momento mais arriscado. Por outro lado, as instituições financeiras de médio porte têm defendido que estão líquidas e capitalizadas o suficiente para atravessar o atual período sem grandes sobressaltos.

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Isso não impediu, porém, que alguns casos acendessem sinais de alerta. Responsável por puxar o desempenho geral dos bancos médios para baixo, o Banco Indusval & Partners (BI&P) registrou prejuízo líquido trimestral de R$ 134,7 milhões, após provisionar R$ 210 milhões para perdas com empréstimos relacionados à Ceagro, trading de grãos parceira do banco desde 2012. O caso acabou levando os controladores a fazer uma injeção de capital na instituição de R$ 80 milhões.

Outro destaque negativo do trimestre foi o Pine, que teve lucro de R$ 10 milhões no trimestre, com redução de 71,4% na comparação anual. No mesmo período, o volume de depósitos do banco caiu 31,6% e o estoque de crédito recuou 14,1%. O Pine afirmou que acelerou a redução das operações de financiamento.

Analistas esperam que os obstáculos para essas instituições cresçam nos próximos meses. “É natural que haja uma pressão negativa sobre inadimplência também no segundo semestre”, diz o analista da agência de classificação de risco Moody’s Alexandre Albuquerque.

Também aumentaram apostas que um cenário ruim ajude a amplificar movimentos de consolidação no setor. “Nesse cenário, os bancos médios ficam mais vulneráveis e mais interessados em ouvir potenciais ofertas. Além disso, com o dólar como está, esses bancos viram ativos mais atraentes para bancos estrangeiros”, diz o analista da agência Fitch Eduardo Ribas, que considera as instituições financeiras chinesas os principais interessados nesse segmento.

Há alguns exemplos recentes desse movimento, como em 2013, quando o China Construction Bank (CCB) anunciou a compra do Bicbanco, e em 2015, com o Bank of Communications, também da China, comprando o BBM. Para os próximos meses, além da pressão na qualidade dos ativos, essas instituições precisarão lidar com oportunidades cada vez mais apertadas para emprestar dinheiro.

“Neste cenário, os grandes bancos conseguem sobreviver porque têm diversidade de negócios não ligados a crédito. Eles têm mais espaço para ajustar a estrutura de custos, são formadores de preços e começam a atuar em segmentos que antes não viam como foco, como foi o movimento com o consignado”, avalia Ribas. Já os bancos médios, que em sua maioria se concentram no crédito a empresas, não contam com essa margem de manobra.

Há quem veja na deterioração das carteiras de crédito de alguns bancos médios um “indicador antecedente” para as demais instituições financeiras nos próximos períodos. É a avaliação que o BTG Pactual fez do resultado trimestral do Daycoval. O percentual de empréstimos vencidos há mais de 90 dias no banco foi de 0,8%, ante 0,7% no trimestre anterior. Foi a primeira vez em sete trimestres que o índice aumentou. “Pode-se dizer que o Daycoval é um bom indicador antecedente para a inadimplência nos outros bancos (…), o que adiciona uma leitura, de maneira geral, negativa para o comportamento da qualidade dos ativos de crédito [para o sistema como um todo] nos próximos trimestres”, dizem analistas do BTG em relatório.

Além da piora dos índices de inadimplência em alguns dos bancos, as despesas com provisão para crédito de liquidação duvidosa aumentaram em todas instituições.

“Existe a possibilidade de vermos uma maior deterioração no quadro das empresas e, com isso, a inadimplência pode piorar. Mesmo assim, os bancos, em linhas gerais, estão bem cobertos com garantias e provisões”, avalia o diretor sênior de instituições financeiros da Fitch Ratings, Claudio Gallina. A Fitch diz que está fazendo um trabalho mais intenso neste segmento e observando mais de perto os bancos, de olho especialmente na evolução da inadimplência.

“Os bancos de uma maneira geral terão que lidar com um cenário de rentabilidade menor daqui em diante, mas nos de menor porte esse efeito tende a ser mais acentuado”, diz Albuquerque, da Moody’s. Na visão dele, a maior reticência dos bancos médios em crescer suas carteiras de crédito também os ajuda a manter níveis de endividamento menores que os dos grandes bancos.

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