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Lucro do Itaú cai, mas calotes dão sinal de melhora

por: Angelica Balthasar
em: Notícias
fonte: Valor Econômico
18 de fevereiro de 2013 - 19:01

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Por: Carolina Mandl, Karin Sato e Daniela Machado

O pior já passou. Pelo menos em termos de inadimplência, o Itaú Unibanco inicia 2013 com a expectativa de que o momento mais crítico em termos de calotes tenha ficado para trás. Esse foi o tom que Roberto Setubal, presidente do Itaú, adotou para apresentar o desempenho do banco no ano passado.

No quarto trimestre, o banco apresentou recuo de 0,3 ponto percentual, para 4,8%, no índice de inadimplência. “Com a inadimplência crescente para os bancos, 2012 foi um ano desafiador. Nossa carteira de veículos teve perdas relevantes “, afirmou Setubal. “A redução dos calotes no último trimestre foi um bom sinal para 2013″, acrescentou.

Por causa principalmente dos calotes, o resultado do Itaú encolheu em 2012. Ontem, o banco divulgou um lucro líquido de R$ 3,492 bilhões no quarto trimestre, o que representou queda de 5,1% ante igual período de 2011. Já o lucro anual foi de R$ 13,6 bilhões, queda de 7% ante 2011.

Relatórios de analistas, porém, chamavam atenção para outra linha do balanço. “A melhora expressiva na qualidade de crédito foi o destaque”, afirmaram em relatório os analistas do J. Safra. Com o declínio da inadimplência, as ações do Itaú subiram 2,51%, para R$ 34,19, ontem, sendo destaque de alta na bolsa brasileira.

A expectativa de Setubal é que os calotes continuem a recuar neste ano, possibilitando a ampliação das carteiras de crédito. O executivo disse que todas as modalidades da carteira crescerão em 2013, inclusive a de financiamento para aquisição de veículos. Para compensar a perda delucro causada não apenas pela inadimplência, como também pela redução da Selic e dos spreads – por conta dos cortes nas taxas de juros promovidos pelos bancos públicos -, o Itaú buscou conter despesas e melhorar seu índice de eficiência.

No quarto trimestre, no entanto, as despesas não decorrentes de juros cresceram 3,8% em relação ao três meses anteriores, passando de R$ 8,148 bilhões para R$ 8,457 bilhões. Os custos de pessoal reduziram-se 2,2% na mesma base comparativa. Por outro lado, as despesas administrativas avançaram 4,7%. Já em relação a igual período de 2011, houve queda de 0,66% das despesas não decorrentes de juros.

O analista do BB Investimentos Carlos Daltozo diz que essa magnitude do recuo da inadimplência não era esperada. “O resultado trouxe uma expectativa de crescimento da carteira com qualidade neste ano”, avalia.

O analista da Coinvalores Felipe Silveira chamou a atenção para o recuo dos calotes das pessoas físicas, de 7,5% em setembro para 6,9% em dezembro. Em relação ao fim de 2011, porém, ainda houve alta de 0,3 ponto percentual. “O Itaú Unibanco foi o destaque dentre os grandes bancos privados. A instituição financeira foi a única a apresentar redução da inadimplência das pessoas físicas”, explica. Bradesco manteve o indicador no mesmo patamar do terceiro trimestre, enquanto o Santander ainda observou alta.

Um empurrão para a melhora da inadimplência também veio da venda de R$ 480 milhões em operações de crédito de veículos com atraso superior a 360 dias. Com isso, o banco conseguiu melhorar o índice de inadimplência. Sem essa venda de ativos, o indicador de inadimplência ficaria em 4,9%, ainda com recuo de 0,2 ponto percentual na comparação com o terceiro trimestre, segundo o balanço do banco, e não 4,8%.

“Aproveitamos para fazer uma limpeza [nos créditos vencidos]“, disse Setubal, ontem. Em relatório divulgado a investidores, o banco informa que pretende continuar a ceder ativos neste ano. Além de melhorar o índice de inadimplência, a operação também traz benefícios ao banco em termos tributários.

O estoque de crédito no Itaú Unibanco cresceu 6% em 12 meses, para R$ 366,3 bilhões, enquanto os demais bancos privados de controle nacional avançaram 7%. No trimestre, o saldo do Itaú evoluiu 1,79%.

Considerando-se a carteira ampliada, que inclui avais, fianças e debêntures, o saldo de crédito no Itaú cresceu 2,7% em relação ao terceiro trimestre e 9% no ano. Os títulos privados, como debêntures, têm tido uma expansão significativa no banco. Essa carteira avançou de R$ 15,1 bilhões em dezembro de 2011 para R$ 22,6 bilhões.

O J.Safra considerou o crescimento da carteira de crédito expandida ainda baixo, porém em linha com a política do banco para 2012. “Embora o fato seja negativo, está em linha com a política de prudência na concessão de crédito praticada em 2012. Os destaques ficam por conta de cartões de crédito, que aumentaram 10,7% no quarto trimestre ante os três meses anteriores, e veículos, com uma contração expressiva de 5,2%, na mesma base de comparação, terminando 2012 com quase R$ 10 bilhões a menos em sua carteira”, ressalta o texto.

O banco divulgou ontem suas projeções para 2013. A estimativa é de crescimento de 11% a 14%. É um percentual ligeiramente menor do que as expectativas de Santander e Bradesco, que projetaram 15%.

O banco também estima que as despesas com provisões para devedores duvidosos fiquem entre R$ 19 bilhões e R$ 22 bilhões neste ano. Apenas no quarto trimestre do ano passado, essas despesas foram de R$ 5,7 bilhões (dentro do intervalo estimado), levando a cifra do ano para R$ 23,64 bilhões. Ao longo de 2012, essas despesas cresceram 18,7% na comparação com 2011.

A margem financeira totalizou R$ 52,012 bilhões no ano passado, aumento de 4,9% em relação a 2011. O mix da carteira de crédito, que buscou operações menos arriscadas, e a queda da taxa Selic impediram um avanço maior.

As receitas com prestação de serviços cresceram 8,3% no ano, somando R$ 20,622 bilhões. Isso contribuiu em larga escala para o resultado do Itaú.

“O número final do balanço ficou em linha com as expectativas, mas a tendência continua em uma direção positiva. A melhora da qualidade dos ativos superou a previsão, assim como as tarifas e as despesas”, avaliou o Goldman Sachs em relatório.

Em 2012, os ativos totais do Itaú superaram a marca de R$ 1 trilhão, com alta de 19,2% em relação ao ano anterior.

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