Segundo pesquisa da Harvard Business School, 27 milhões de trabalhadores nos EUA estão sendo “escondidos” pelos algoritmos
O motivo? Os novos algoritmos de recrutamento, que, segundo os pesquisadores, escondem alguns profissionais ao fazerem suas buscas pelo melhor candidato possível.
No caso das profissões de nível médio, o caso fica ainda mais grave. Para essa parcela da população, encontrar trabalho na pandemia, quando tudo foi online, ficou mais difícil para 54% dos candidatos.
Mas por que isso ocorre? Os robôs são enviesados? Ou o problema está nas companhias?
Para tentar responder a essa questão, o Na Prática conversou com Camila Fares, especialista em recrutamento e seleção, que nos explicou como os algoritmos funcionam e quais são as dicas para ir bem nas seleções. Confira!
Como funcionam as contratações via algoritmo?
Algo importante sobre os algoritmos, segundo Camila, é que eles não devem excluir etapas presenciais de contratações, na maioria das funções, no longo prazo. Para ela, algumas hard skills e mesmo algumas soft skills podem ser melhor avaliadas com o “bom e velho olho no olho”.
Por isso, na avaliação da especialista, os processos seletivos tendem a ser híbridos como regra em algum momento.
Ainda assim, ela diz que o filtro inicial deve permanecer online e feito através de programas de computador que utilizam inteligência artificial. Com eles, o trabalho de avaliar milhares, às vezes milhões de currículos, fica muito mais fácil.
O que esses programas fazem, porém, é encontrar o perfil ideal entre os candidatos através da configuração do programa de filtragem com um conjunto de palavras-chaves escolhidas por quem faz as seleções.
Ou seja: os recrutadores escolhem as palavras-chaves que definem melhor o profissional ideal e o programa retorna uma lista de currículos que mais se aproximam do ideal.
Camila assume, porém, que a contratação de pessoas de níveis menores de instrução fica prejudicada, já que a formulação de currículos por parte dessas pessoas não atende às diretrizes de busca das palavras-chaves.
Todavia, a especialista diz que o problema não está nos robôs e que eles não têm viés algum. Ao contrário, eles dependem do que as pessoas por trás da seleção configuram em suas ferramentas de filtragem.
A opinião dela vai de encontro ao que diz a pesquisa da HBS. Segundo o artigo, os profissionais que ficam ocultos, e que não são vistos pelas empresas, ficam nessa condição devido a “práticas de gerenciamento de longa-data e amplamente difundidos.”
Como se destacar nos processos seletivos que usam algoritmos?
Na visão de Camila, a principal arma para candidatos em processos seletivos de hoje em dia é estudar as descrições das vagas, analisando requisitos e habilidades necessárias para a vaga.
Ao fazer esse estudo, Camila explica, será possível elaborar um currículo que descreva experiências e habilidades conforme o tom de voz da empresa com vaga aberta. Assim, o candidato poderá ser encontrado pelo algoritmo dos robôs com muito mais facilidade.
A dica serve não só para o currículo comum, mas também para o LinkedIn, que também é um campo de pesquisa para os robôs e que também precisam estar configurados com as melhores palavras-chaves em uso pelos recrutadores.
Nessa toada, currículos modernos, em vídeo, áudio e outros, podem ser prejudicados, já que os robôs estão em busca de palavras-chaves escritas e que tornam o currículo tradicional preponderante.
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