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Profissionais de 60 anos concorrem com jovens

por: Afonso Bazolli
em: Vagas
fonte: Valor Econômico
24 de agosto de 2015 - 18:02

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Por: Jonathan Moules 

Aos 58 anos, William Agush foi informado pela startup de tecnologia de Boston (com cinco anos de vida), onde estava trabalhando, de que ele não era mais necessário. Assim, após uma carreira de 30 anos como assalariado em várias companhias de tecnologia da informação, grandes e pequenas, Agush decidiu fundar sua própria empresa de aplicativos de negócios, a Shuttersong.

A ideia, surgida quando ele se deparou com um porta-retratos “falante”, era permitir aos usuários de smartphones anexar arquivos de som às suas fotografias digitais, para que eles depois as compartilhassem com os amigos no Twitter ou no Facebook. Hoje, Agush usa aparelho auditivo nos dois ouvidos, mas continua sendo um grande apreciador da palavra falada, interesse que desenvolveu ouvindo “talk shows” no rádio.

“Foi uma epifania maravilhosa”, diz. Agora, Agush espera concluir uma segunda rodada de financiamentos antes de chegar aos 60 anos, em fevereiro. Isso aumentará o orçamento de sua equipe para 8,3 milhões de libras, em Boston e Londres, para um maior desenvolvimento da funcionalidade do aplicativo, de modo que possam começar a cobrar dos usuários.

A primeira e segunda rodadas de financiamentos do Shuttersong, que levantaram um total de US$ 2,1 milhões, incluíram dinheiro de sócios da firma de advocacia Bingham McCutchen, de Boston. “Acho que eles consideraram confiável a pessoa para quem estavam dando dinheiro”, diz Agush. “Esses garotos que fundam empresas logo depois de sair da faculdade não têm habilidades operacionais. Eles são apaixonados, mas queimam dinheiro porque cometem erros que um empresário experiente não comete.”

Muitos dos que adotaram inicialmente o Shuttersong são exatamente jovens recém-formados que Agush acredita estarem mal preparados para empreender. Mas o aplicativo também se mostrou um sucesso entre os aposentados, que baixam o Shuttersong para compartilhar lembranças de projetos que realizam na aposentadoria, além de usuários corporativos que criam material para campanhas de marketing.

Neste ano, o Shuttersong foi selecionado para o V2Venture, um concurso para a busca de parceiros realizado pelo South by Southwest, o encontro anual de fanáticos por tecnologia em Austin, no Texas. Agush era o finalista mais velho. “Não vejo por que uma pessoa na casa dos 50 anos não possa iniciar uma empresa de tecnologia”, afirma. “Mas, se você tiver a minha idade e quiser seguir o caminho dos aplicativos, é melhor não criar nada relacionado a encontros ou outros serviços que possam ser considerados meio repulsivos”, aconselha.

Assim como boa parte dos fundadores de empresas de tecnologia, Agush trabalha em um escritório compartilhado com outras startups. No entanto, ele é a única pessoa na sala que usa camisa e gravata. Durante uma visita ao Reino Unido, ele fez uma palestra em um dos velhos armazéns de Southwark que abrigam algumas das startups mais interessantes de Londres, como a Zoopla e a Joseph Joseph. Enquanto falava, mexia em seu colarinho, aparentemente mais desconfortável com a escolha de sua roupa do que com sua nova carreira.

“Todo mundo envelhece, não há como evitar. Hoje, nossa expectativa de vida pode chegar aos 90 ou 100 anos. O que vamos fazer com todos esses anos? A aposentadoria não é a mesma coisa que foi para meu pai.”

A decisão de Agush de iniciar uma empresa quando se aproxima dos 60 anos é algo que está ficando cada vez mais comum. Em julho, a edição britânica da “Global Entrepreneurship Monitor”, que analisa a atividade de startups em estágios iniciais, constatou que 6,5% dos britânicos com 50 anos ou mais estão empreendendo – a maior proporção já registrada, eclipsando os 6% de jovens na faixa dos 18 aos 29 anos que estão fazendo o mesmo.

Entre os mais velhos, muitos são forçados a considerar esse caminho após perderem o emprego. Outros, porém, fazem isso porque detectam oportunidades. “Para quem já passou dos 50 anos, a maior motivação para começar uma empresa é aumentar a renda. Os empreendedores mais jovens, por sua vez, estão em busca de independência”, afirma Jonathan Levie, professor de empreendedorismo da Strathclyde University.

Martyn Curley, 63, e Steve Oldbury, 59, que fundaram o serviço de preparação profissional Bidwriting.com, em 2007, são claramente ambiciosos. Eles inscreveram sua companhia em um programa ministrado pela Cranfield School of Management, do Reino Unido, que auxilia no desenvolvimento e no crescimento de negócios. “Uma das vantagens de se ter mais de 50 anos é que já passamos por várias recessões”, diz Curley, que já foi um diretor da Connaught, empresa que faz parte do índice de ações FTSE 250. “As lições que aprendemos são muito valiosas. Entendemos totalmente nosso mercado e o que nossos clientes querem”, enfatiza.

Empreendedores com mais de 50 anos têm uma propensão menor a demonstrar medo do fracasso, segundo a pesquisa Gem UK. Por outro lado, eles também admitem menos que precisam de aconselhamento técnico – o que pode ser visto como uma fraqueza quando o empreendedorismo bem-sucedido depende muito da troca de experiências.

Mãe de cinco filhos, Geraldine Abrahams lançou a empresa de produtos infantis Tummy With Mummy, de Glasgow, em 2010, quando tinha 60 anos. A empresa, que vende uma cadeira infantil dobrável projetada para exercícios físicos suaves, é a realização de uma ideia que ela alimentou durante anos, enquanto trabalhava como jornalista.

Aos três meses de idade, uma neta serviu de modelo para que a cadeira pudesse ser colocada à venda na internet. Embora a receita mal chegue aos seis dígitos, a empresa é lucrativa, com 90% das vendas realizadas para clientes de outros países. A ajuda para estabelecer o negócio e buscar mercados exportadores veio do programa Business Gateway Glasgow, do governo escocês e da Scottish Enterprise.

Entretanto, as diretrizes empresariais vêm de seus filhos David e Mike, que entraram para a empresa como diretor de produção e diretor de marketing, respectivamente. Eles também são acionistas minoritários. “Se estivesse fazendo tudo sozinha, não estaria aqui agora. Precisava da determinação juvenil de meus filhos, assim como de seu apoio.”

Construir uma empresa leva tempo, admite Geraldine, que esperou até que o filho mais novo começasse a universidade para se lançar na empreitada. Há instituições que ajudam outras pessoas a tocar seus próprios negócios, mas ela não gosta da ideia do aconselhamento diferenciado de acordo com grupos de diferentes faixas etárias. “Isso realmente não deveria ter importância. Um empresário é um empresário.”

Apesar do fenômeno, o professor Jonathan Levie afirma que a taxa de criação de startups cai drasticamente após os 64 anos. A razão, segundo ele, são fatores como a piora da saúde física, que se acelera depois desse ponto. “O empreendedorismo entre as pessoas mais velhas pode ganhar força na medida em que a idade de aposentadoria aumenta, mas não será nada muito significativo”, diz.

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