Por: Sofia Esteves

Sou gerente de marketing há oito anos em uma multinacional do setor de tecnologia. Nesse período, tive muitos desafios enquanto a empresa estava crescendo, mas nos últimos três anos sinto que minha posição está estagnada. Não tenho para onde crescer no Brasil, mas por outro lado não tenho interesse em sair do país. Meus superiores me dizem que há desafios em novos projetos, trabalhos e equipes, mas sinceramente não vejo essas mudanças. Para mim, é tudo mais do mesmo. Não quero sair da empresa, mas tenho medo de ter me acomodado ou até mesmo ser percebido dessa forma pelo mercado. O que devo fazer?

Gerente de marketing, 40 anos

Resposta:

Você gosta da empresa na qual está, parece ter prazer no que faz e não quer ficar estagnado ou acomodado na sua carreira: temos um ótimo problema para resolver. Não quero diminuir a sua dúvida, muito menos dizer que ela não é relevante, mas preciso, antes de tudo, elogiar a sua postura diante do incômodo: olhou primeiro para si mesmo e está perguntando o que você pode fazer para continuar se desenvolvendo, de preferência, na mesma empresa.

Vejo tantos profissionais vitimizados, culpando a empresa, o chefe, o time e o mercado por algo não estar caminhando como o esperado, que quando me deparo com um comportamento diferente, preciso compartilhar o quão importante é para a carreira, se responsabilizar por aquilo que não vai bem. Algumas vezes, isso não vai fazer com que os problemas desapareçam completamente, até porque eles podem ser maiores do que está ao seu alcance mudar, mas só de romper com esse ciclo já é um excelente começo.

Tenho percebido cada vez mais o interesse das empresas e das pessoas pela comunicação não-violenta (CNV) como forma de romper com o ciclo de dinâmicas classificatórias, dominatórias ou desresponsabilizantes que se instalam no dia a dia de trabalho. Você conhece a CNV, ou comunicação empática? Já que sua dúvida é sobre não ficar estagnado, sugiro que vá atrás para conhecer um pouco mais e aproveitar para potencializar um comportamento que já é seu e pode ser um diferencial no mercado.

Empresas são como pessoas, com suas complexidades e experiências. É preciso identificar suas necessidades e valores para estabelecer processos eficazes de comunicação. Não há certo ou errado, bom ou mau, mas sim valores e atitudes que podem ser comuns. É por isso que nós, de recursos humanos, ressaltamos a importância de construir carreira em uma empresa com a qual o profissional se identifica não só pelos produtos, mas também pelos comportamentos e ações valorizados pela cultura institucional.

No seu caso, parece que o descompasso está na sua busca por novos desafios e o que a empresa entende por desafio. Você não visualiza, nos próximos passos sugeridos pelos seus superiores, algo que trará crescimento e aprendizado. Antes de olhar para fora ou repensar sua trajetória, vale recapitular os projetos nos quais você se envolveu nos últimos anos e listar quais foram os conhecimentos e aprendizados adquiridos nesse período.

Qual a complexidade dos desafios em que se envolveu?

E daqueles que você liderou?

Está satisfeito com os resultados?

A sua percepção sobre eles é similar a dos seus superiores?

Ter mais certeza do que viveu até agora pode clarear essa sensação de estagnação e desencontro de objetivos.

Aproveitando o exercício da empatia, recomendo que se pergunte não só sobre os desafios que a empresa pode te oferecer, mas também sobre aqueles que você buscou fora de lá.

Quais foram os cursos de desenvolvimento comportamental ou técnico que fez?

Como se manteve atualizado?

Essas ações externas de crescimento profissional abrem também novas possibilidades e desafios. E por falar nisso, será que não há espaço na sua empresa para ampliar seu escopo de trabalho, assumindo responsabilidades por outras áreas? Tenho certeza que assim você não acomodaria o que está te incomodando e seguiria construindo uma carreira de sucesso.

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