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Calotes tendem a piorar em 2015, mas perdas ficarão sob controle

por: Afonso Bazolli
em: Cobrança
fonte: Valor Econômico
21 de janeiro de 2015 - 18:03

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Por: Felipe Marques e Carolina Mandl

As previsões para a economia em 2015 trazem uma combinação perigosa para o crédito: alta de juros, piora nos níveis de emprego e renda, além do baixo – ou até mesmo nulo – crescimento da atividade. Bastante associada à inadimplência, a união desses elementos preocupa os bancos, mas há um consenso de que um quadro de calotes fora de controle, como ocorreu em 2011, não deve se repetir no ano que vem.

Ao contrário, entre alguns dos grandes bancos de varejo há até a expectativa de que a taxa de inadimplência de seu portfólio possa cair. Já para economistas, ainda que o cenário não se torne catastrófico, os bancos enfrentarão a deterioração na capacidade de pagamento de famílias e empresas, o que faria a taxa de calotes fechar 2015 em patamar superior ao de 2014.

Em outubro, segundo dados do Banco Central, o índice de atrasos acima de 90 dias estava em 2,9%, o menor nível da série histórica, iniciada em março de 2011.

Nas contas da Tendências, a taxa de inadimplência em crédito para pessoas físicas deve sair de 4,5% em 2014 para 5,1% em 2015. Nas empresas, o avanço será bem mais marginal – de 2% neste ano para 2,1%. “Esperamos alguma melhora na atividade industrial em 2015, em especial entre exportadores, graças ao câmbio”, afirma a economista Mariana Oliveira, da consultoria.

Em 2011, em boa medida por causa da carteira de financiamento de veículos, o mercado de crédito brasileiro passou por um surto de elevação de calotes, algo que não deve se repetir agora.

“O aumento da inadimplência vai ser um movimento normal, ligado ao ciclo econômico e em menor proporção que em 2010 e em 2011″, afirma Cristiano Souza, economista do Santander. “O espaço para aumento da inadimplência é menor agora.” O banco espera que a inadimplência em recursos livres no sistema alcance 5,4% em 2015, ante os 4,8% atuais.

O motivo para um impacto mais suave nas carteiras dos bancos é a mudança de perfil do estoque de empréstimos, que migraram para modalidades mais seguras de crédito.

É principalmente essa transformação dos estoques que fez Roberto Setubal, presidente do Itaú Unibanco, afirmar durante encontro com investidores na semana passada que a inadimplência ainda recuará em 2015. O índice fechou setembro em 3,2% no banco.

Se o Itaú seguir o atual ritmo de desembolsos, o crédito consignado, com garantia de desconto direto na folha de pagamento, passará a representar 42% da carteira de crédito para pessoas físicas, volume dez pontos percentuais superior ao atual.

Além de direcionar a produção para modalidades como o crédito consignado e financiamento imobiliário, as instituições reforçaram seus modelos de aprovação das operações. Por isso, um executivo de um grande banco de varejo afirma que, mesmo no pior cenário possível em termos de taxa de desemprego, o índice de inadimplência da instituição financeira permaneceria sob controle.

Em situação menos confortável estão os estoques de empréstimos para pessoas jurídicas, na avaliação do diretor de crédito de um banco de atacado. “Nos últimos anos, as empresas se endividaram para investir porque acreditavam no crescimento da economia”, afirma ele. O resultado disso, segundo o executivo, será um crescimento da inadimplência no próximo ano.

A piora na capacidade de pagamento no ano que vem tende a impactar também a renegociação de dívidas vencidas. É o que afirma Flávio Calife, economista-chefe da Boa Vista Serviços, banco de dados de tomadores inadimplentes. No acumulado do ano até novembro, o indicador de renegociação de dívidas da empresa, medido pelo número de pessoas que conseguiram limpar seu nome, apontava queda de 3,1%. Para Calife, tal desempenho tende a se repetir em 2015.

“Neste ano, a queda nas recuperações de crédito foi puxada por um menor número de pessoas que ficaram com nome sujo em 2013. Já para 2015, nossa expectativa é que a recuperação de dívidas caia puxada por fatores mais ligados ao ambiente econômico”, afirma Calife. A lista de motivos inclui a explosiva combinação entre juros mais altos e maior seletividade dos bancos como barreira para que o tomador renegocie dívidas.

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