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Varejistas de moda renegociam dívidas

por: Afonso Bazolli
em: Cobrança
fonte: Valor Econômico
19 de abril de 2016 - 18:06

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Por: Cibelle Bouças

A retração no consumo de produtos de vestuário no ano passado prejudicou o desempenho de boa parte das varejistas de moda, principalmente de empresas de pequeno e médio portes. As dificuldades para fazer frente ao aumento de despesas com uma receita menor têm levado mais empresas do setor a renegociar suas dívidas ou pedir recuperação judicial.

De acordo com levantamento da Serasa Experian, no ano passado, 13 varejistas de moda pediram recuperação judicial, ante oito pedidos requeridos em 2014. A perspectiva para este ano é que o número de pedidos aumente, acompanhando o crescimento no número de recuperações judiciais requeridas no país em vários setores. No primeiro trimestre, o total de pedidos cresceu 114,1%, para 409 ocorrências.

“É uma estatística que preocupa, porque no ano passado o número de pedidos já bateu recorde, chegando a 1.287 pedidos, e no primeiro trimestre as requisições mais que dobraram. O quadro está piorando, os dados do trimestre já apontam a direção”, disse Luiz Rabi, economista da Serasa Experian.

Marcelo Gomes, diretor da consultoria Alvarez & Marsal, estima que haverá aumento também nos casos de varejistas de moda. “Essas empresas já sofrem desde o ano passado com fatores macroeconômicos e específicos do setor. Neste ano, a perspectiva é que um número maior de empresas não consiga pagar suas dívidas”, avaliou.

Gomes cita como causas para o maior número de casos de recuperação judicial no segmento de moda o aumento da inadimplência dos consumidores; a alta do dólar, que encareceu os estoques das empresas (30% a 50% dos itens dessas lojas são importados); aumento nos custos de energia e da folha de pagamentos; e elevação das dívidas bancárias.

O caso mais recente é o da Barred’s Moda, varejista de moda feminina. O juiz João de Oliveira Rodrigues Filho, da 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, aceitou o pedido de recuperação judicial da Barred’s. A decisão foi tomada no dia 30 de março, mas ainda não foi publicada no “Diário Oficial do Estado de São Paulo”.

Fundada em 2006, a rede de varejo Barred’s opera atualmente com 108 lojas no país e 578 funcionários. A companhia possui uma dívida total de R$ 104,2 milhões e um número de credores próximo a 330. Os maiores credores, segundo fonte familiarizada com o negócio, são administradoras de shopping centers e o Banco do Brasil. A Barred’s também tem uma dívida trabalhista de R$ 340 mil.

A Justiça determinou que a empresa Alta Administração Ltda vai operar como administradora judicial da Barred’s no processo de recuperação judicial. A varejista terá um prazo de 60 dias, após a publicação da decisão, para apresentar o seu plano de recuperação judicial aos credores. A Barred’s é representada pelo escritório de advocacia Nicola, Saragossa e Campos.

Ainda segundo a fonte, o principal problema enfrentado pela Barred’s foi a queda em vendas no ano passado, que tornou inviável para a companhia honrar com as suas dívidas. A receita bruta da varejista caiu 37,6% em 2015, para R$ 73 milhões. A companhia associa a queda à retração do consumo no país.

Outras varejistas de moda também tentam renegociar suas dívidas neste momento. O grupo GEP, dono das redes varejistas de moda Cori, Luigi Bertolli, Emme e Offashion, teve seu pedido aceito em fevereiro e, no momento, desenvolve o seu plano de recuperação judicial para pagar as dívidas de R$ 513,25 milhões.

O Grupo Colombo tenta uma renegociação extrajudicial. Em março, a companhia informou que está renegociando dívidas com bancos no total de R$ 800 milhões para evitar a falência. Os principais credores são HSBC, Credit Suisse, Santander, Itaú e Banco do Brasil. O endividamento total do grupo chega a R$ 1,5 bilhão, incluindo débitos com fornecedores. A expectativa da companhia é chegar a um acordo com os bancos na próxima semana.

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