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Aumenta procura por crédito em dólar

por: Afonso Bazolli
em: Crédito
fonte: Valor Econômico
09 de março de 2016 - 18:07

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Por: Chrystiane Silva

A pouca disposição das companhias brasileiras em captar recursos no mercado internacional por meio de bônus, diante do maior prêmio de risco exigido pelos investidores, reaqueceu outro segmento de crédito corporativo. Os bancos perceberam um aumento na demanda das empresas por empréstimos bilaterais em dólar.

Essa transação é realizada entre as instituições financeiras e as companhias por meio de uma linha de crédito internacional conhecida como “4131″, uma referência à lei que disciplina a aplicação de capital estrangeiro e remessa de valores para o exterior. A procura, entretanto, tem sido muito maior do que a disposição das instituições financeiras em emprestar recursos. A instabilidade econômica tornou esses agentes mais rigorosos na concessão de crédito.

Esse tipo de financiamento, que funciona como um capital de giro em dólar, está mais vantajoso agora por conta do cupom cambial – a diferença entre as taxas de juros externa, doméstica e a desvalorização do real em relação ao dólar. Essa diferença de taxas fez com que o custo da operação ficasse relativamente mais barato do que uma captação de recursos no mercado doméstico.

O indicador financeiro que serve de referência para o cupom cambial é o “forward rate agreement” (FRA), um derivativo negociado na Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F). O contrato com vencimento em maio, o mais negociado, estava cotado em 2,43% ao ano. “As empresas estão recorrendo a essa linha de crédito porque precisam refinanciar sua dívida e o mercado de bônus está fechado”, diz Ernesto Meyer, diretor da área de empréstimos sindicalizados do BNP Paribas.

Por meio da “4131″, os bancos emprestam recursos em dólar para as empresas e fazem uma operação de troca de dívida (swap) para o certificado de depósito interfinanceiro (CDI, a referência de juros do interbancário local). Assim, no fim da transação é como se a empresa tivesse contratado uma dívida em reais.

O custo de captação costuma ser equivalente à taxa Libor, que está em 1,13% ao ano e é uma média dos juros dos empréstimos sem garantia realizados no mercado monetário londrino, mais um prêmio. “As fontes de captação de recursos por meio do mercado de capitais secaram e essa linha de capital de giro em dólar ficou mais eficiente para atender às necessidades das empresas”, diz Mauro Albuquerque, diretor de transações globais do Santander.

As empresas têm usado os recursos obtidos por meio dessa linha de crédito para reforçar o caixa e efetuar o pagamento de dívidas ou a recompra de bônus no mercado internacional. “Há também interesse das multinacionais para reforçar o capital de giro”, diz Maurício Tancredi, diretor da área corporativa do Bank of America Merrill Lynch (BofA).

Em média, o custo de financiamento para uma grande companhia com bom risco de crédito pode ficar equivalente a 98% do CDI, segundo cálculos de Samuel Canineu, diretor responsável por empréstimos sindicalizados do ING, que também percebeu um aumento na procura por essas operações. Como comparação de custos, no começo do mês, a Companhia de Participações em Concessões (CPC), subsidiária da empresa de infraestrutura CCR, concluiu emissão de R$ 1,25 bilhão em debêntures com prazo de três anos e os títulos vão pagar ao investidor a variação do CDI mais juros de 3,5% ao ano.

Os bancos estrangeiros que operam no país têm sido os mais atuantes nessa modalidade de empréstimo porque têm acesso a “funding” mais fácil no mercado internacional. Mesmo assim, o custo de financiamento para essas instituições aumentou nas últimas semanas devido à instabilidade global e à piora na nota de crédito do Brasil concedida pelas agências internacionais de avaliação de risco. “Mas como os bancos estão pouco dispostos a emprestar, eles têm evitado aumentar a base de funding com taxas mais altas”, diz Canineu, do banco ING.

Um dos indicadores da alta no custo de captação dos bancos é o contrato de credit default swap (CDS) das instituições financeiras. O CDS funciona como um seguro contra calote. Quanto mais alto, maior é a percepção de risco de inadimplência. O CDS do Santander Espanha subiu 19 pontos desde 1º de fevereiro e foi para 176 pontos, segundo dados da Markit. Nos últimos 12 meses, o indicador do banco espanhol avançou 92 pontos.

O CDS da matriz do BNP Paribas passou de 86 para 107 pontos nos últimos 19 dias. No ano, a alta é de 45 pontos. A mesma situação ocorreu com o BofA, cujo CDS estava em 127 pontos na sexta-feira, com alta de 32 pontos desde o começo do fevereiro e de 61 pontos nos últimos 12 meses.

O aumento recente do custo de funding das instituições financeiras pode encarecer ainda mais o crédito destinado às empresas. Mas, no segundo semestre do ano passado, o Banco de Tokyo -Mitsubishi UFJ concluiu uma operação de R$ 1 bilhão para a credenciadora de cartões de crédito e débito Cielo. A transação teve juros equivalentes à taxa Libor mais um spread de 0,73% ao ano, com prazo de 18 meses e proteção para a variação cambial (hedge). A remuneração mensal final, considerando todos os custos da operação, saiu equivalente a 99,4% do CDI.

“O custo é muito mais baixo do que uma captação local feita por meio de debêntures”, diz Rogério Monori, diretor do Banco de Tokyo Mitsubishi UFJ. Apesar de os bancos terem registrado aumento nas transações com a linha de financiamento em dólar, não existem números oficiais sobre a modalidade.

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