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Crédito sob controle

por: Afonso Bazolli
em: Crédito
fonte: DM.com
14 de julho de 2014 - 18:06

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Pesquisa divulgada pela Datafolha, feita a pedido da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs), revela que 85% dos entrevitados quitaram 100% de sua última fatura do cartão de crédito. Sobre qualquer valor que se deixe de pagar em fatura de cartão incidem juros, logo, os 15% dos entrevistados restantes tiveram acréscimos a pagar na fatura seguinte. Segundo a pesquisa, os consumidores que mais quitaram a fatura integral do cartão no último mês pertencem à Região Sul (91%). Por outro lado, o menor índice foi apresentado por consumidores da Região Nordeste (81%).

O diretor-executivo da Abecs, Ricardo Vieira, revela que no primeiro trimestre do ano, os cartões de crédito movimentaram R$ 142,4 bilhões, o que representa um crescimento de 15,2% em relação ao primeiro trimestre de 2013. “Esse instrumento foi responsável por 1,13 bilhão de transações no período, um aumento de 8,7%, e apresentou tíquete médio de R$ 125,2 bilhões”.

Provavelmente esse interesse e esforço maior dos consumidores em quitarem suas faturas esteja relacionado às altas taxas de juros aplicadas pelas instituições. Segundo o último boletim sobre taxas de juros, divulgado pela Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), a taxa de juros de cartão de crédito foi, em média, de 232,12% ao ano. É o preço que se paga pela disponibilidade de limites de crédito e prazos para pagamento, além da possibilidade de antecipação e parcelamento das compras, por exemplo.

Por se tratar de um meio eletrônico de pagamento, a praticidade dos cartões de crédito é indiscutível. Mesmo assim, os bancos oferecem diversos programas de benefícios e bônus para incentivar a utilização desse instrumento. Geralmente, quanto mais o consumidor utiliza o cartão, mais ele se beneficia. “Há, por exemplo, programas de milhagens aéreas, de aquisição de bens em sites específicos. Alguns, inclusive, disponibilizam um percentual do valor da fatura como crédito na fatura do mês seguinte (modalidade reward)”, comenta o economista no Instituto Mauro Borges/Secretaria de Gestão e Planejamento de Goiás (Segplan), Sérgio Borges.

Controle

Para Ricardo Vieira, a pesquisa da associação mostra que a maioria das pessoas costuma fazer bom uso do cartão de crédito e sabe aproveitar seus benefícios sem pagar juros e sem comprometer o seu orçamento. Ele afirma que o brasileiro tem usado cada vez mais – e melhor – o cartão para fazer suas compras e realizar pagamentos do dia a dia, em detrimento do dinheiro, do cheque e de outros instrumentos não eletrônicos. “É uma mudança cultural, motivada também pelo aumento da renda e do emprego, bem como pelas iniciativas de educação financeira da Abecs e das empresas do setor de meios eletrônicos de pagamento.”

Ainda de acordo com dados da Abecs, a posse de cartões de crédito, de débito e de loja na população aumentou de 68%, em 2008, para 76%, em 2013. Entre os portadores de cartão, conforme a última pesquisa, 94% usaram seu cartão de crédito no mês anterior, sendo que 48% usaram pelo menos um dia por semana (21% usaram todo dia).

Mesmo com o número animador, o presidente da Associação Brasileira de Educadores Financeiros, Reinaldo Domingos, aponta alguns fatores que devem ser analisados ao se falar em cartões de crédito. Segundo ele, os levantamentos não consideram o que chama de “armadilhas do crédito”. “Esses consumidores não percebem que utilizar o cartão de crédito para pagamentos e compras também é uma forma de endividamento, que tem prazo médio de 30 dias.”

Dessa forma, o educador financeiro ressalta um ponto de preocupação: alguns consumidores, por falta da capacidade de compra à vista, utilizam das ferramentas de crédito e parcelamento. “O mais incrível é que observo frequentemente casos que já incluem o limite do cartão no orçamento mensal”, aponta Reinaldo Domingos.

Parcelamento

Ainda de acordo com os dados da Datafolha, dois terços do total das compras do mês são realizados por meio de parcelamentos futuros, sem juros. Assim, mostra-se claro o incentivo à tomada facilitada de crédito. Reinaldo afirma que, “se não houver controle, no máximo em seis meses, esse consumidor comprometerá grande parte do ganho mensal somente com as prestações somadas”.

O educador considera que, mesmo que se pague as dívidas com crédito, o usuário está sujeito aos juros do crédito em um momento de imprevisto futuro, em que não consiga cumprir com os compromissos. “E esse risco não ocorre só com o crédito, também observo isso na utilização de cartões de débito, pois há pessoas que utilizam a linha, chamada de limite do cheque especial, que também traz uma taxa de juros média de 8% ao mês.”

Planejamento

A solução que uma pessoa endividada deve tomar, de acordo com Domingos, para tentar reverter a situação é fazer um levantamento detalhado de todas as dívidas, separando os itens em “essenciais” e “não essenciais”, priorizando o pagamento das essenciais para evitar o corte de serviços indispensáveis. “Deve-se também priorizar as dívidas que têm as taxas de juros mais altas. Provavelmente, serão as dos empréstimos adquiridos junto ao sistema financeiro”. Se assim for, ele aconselha que o melhor é procurar o gerente e o pedir que junte, num mesmo pacote, as dívidas de cheque especial, cartão de crédito e demais empréstimos e negociar uma linha de crédito diferente, mais alongada, com juros médios de 2,5%, cuja prestação seja menor do que o valor total dos juros que a pessoa pagava mensalmente.

A partir desse acordo com o banco, o devedor estará pagando não mais apenas os juros, e sim o valor principal, fazendo com que a dívida seja efetivamente liquidada ao longo do tempo. Se não houver possibilidade de acordo com a instituição financeira ou se a parcela negociada não couber no orçamento, será melhor poupar para quando for procurado pelas empresas de recuperação de crédito contratadas pelos bancos tenha melhores condições de negociar a quitação em valores menores.

Por acreditar que o melhor meio de compras da família ainda é a compra a vista, na qual a pessoa tem maior capacidade de negociar, o educador financeiro recomenda que quatro passos sejam seguidos para que se alcance o que deseja: diagnosticar, sonhar, orçar e poupar. Assim, o primeiro passo seria anotar despesa a despesa, o segundo seria estabelecer metas a curto, médio e longo prazo, terceiro está relacionado a calcular a receita, tirando os custos dos sonhos e despesas totais. Por fim, poupar. “É preciso saber que, se não poupar, não haverá sustentabilidade e, tão pouco, a realização dos sonhos. Por isso, o caminho é guardar sempre parte do que ganhamos desde o primeiro salário, caso isso já tenha acontecido há alguns anos, acredite, nunca é tarde para o recomeço.”

Tanto Sérgio quanto Reinaldo concordam em um ponto: a melhor forma de não se endividar é tendo educação financeira e planejamento. Para Sérgio, as pessoas devem ter o controle do próprio orçamento registrando as despesas e receitas. “Além disso, é preciso cautela na hora das compras, para avaliar a real necessidade e o momento de aquisição de um bem”, afirma o economista. Já Reinaldo considera que “cartão de crédito é um meio de pagamento necessário e eficiente, desde que se tenha a consciência ao utilizá-lo”.

“Esse instrumento foi responsável por 1,13 bilhão de transações no período, um aumento de 8,7%, e apresentou tíquete médio de R$ 125,2 bilhões”

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