Por: Caio Zinet

O divórcio das redes varejistas com os grandes bancos no fornecimento de crédito criou oportunidades para administradores de cartões próprios das lojas, conhecidos como private label. “Temos aberto muitos mercados por conta da saída dos bancos”, afirmou Marcelo Jacinto, gerente da ADM Card, administradora de cartões.

Esse movimento também foi sentido pela Credz, administradora de cartões controlada pela família Zogbi, que iniciou suas operações em outubro de 2012. Ela tem parcerias com 11 redes varejistas com 300 lojas espalhadas pelo País. “A volta das redes varejistas ao financiamento está sendo por meio do cartão próprio das lojas”, diz José Renato Borges, presidente da administradora.

Esse é um mercado com potencial de crescimento grande. Segundo dados da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs), os cartões private label e co-branded devem atingir juntos a marca de R$ 293 bilhões em 2022. Até junho de 2013, o segmento representa 12% do faturamento total da indústria de cartões de crédito.

De acordo com Marcelo, esse movimento se intensificou nos últimos dois anos e ainda existem muitas redes varejistas que querem ter cartão próprio, mas que estão desassistidas. O foco da empresa é fornecer serviços diferenciados para conquistar esses clientes. “Não fornecemos somente os cartões, mas toda uma gama de serviços para ajudar na expansão dos negócios”.

Um desses serviços é a presença de um consultor que faz visitas semanais as redes varejistas. Esse funcionário não controla apenas a venda, mas também fornece informações importantes sobre o perfil dos clientes que compram com o cartão da rede varejista.

É possível, por exemplo, saber quais produtos o cliente mais procura no supermercado. De posse dessa informação é possível fazer uma propaganda direcionada com alguma promoção, seja por meio de mensagem de celular, e-mail, mala direta ou rede social a depender do perfil do consumidor. Os dados divulgados também mostram a distribuição geográfica dos fregueses o que ajuda a pensar em estratégias de marketing mais eficientes e direcionadas.

“Nós podemos produzir uma análise completa sobre o perfil de todos os clientes que possuem o cartão da loja. Isso é importante, pois permite que o cliente seja abordado de uma forma quase customizada e isso pode ajudar muito no processo de fidelização”, afirmou Marcelo.

A Credz também aposta no fornecimento de serviços ao varejista. Um dos diferenciais da empresa é oferecer um programa de treinamento para os atendentes das lojas parceiras. “Com isso conseguimos aumentar muito a fidelização da base de clientes. Nós ganhamos e a rede de varejo também”, afirmou José Renato.

A administradora está buscando parceria com pequenas e médias empresas do varejo.

A avaliação do grupo é que os grandes bancos não conseguem dar atenção necessária para esse segmento do empresariado, e que, portanto existe um espaço para crescer nesse nicho de mercado.

“Os grandes bancos têm estrutura para atender esse segmento, mas é apenas mais um serviço para eles. É nesse espaço que nós da Credz entramos oferecendo um serviço dedicado às necessidades dos varejistas emergentes. Existe uma demanda reprimida grande por esse serviço”, afirmou o sócio e presidente da companhia, José Renato Borges.

Regionalidade

A ADM Cartões tem como foco de atuação a Região Sudeste, mas já começou a expandir para outros estados. Em dezembro do ano passado a administradora fechou acordo para ser administradora de cartões da rede Peruzzo de supermercados, que tem 22 filiais no Rio Grande do Sul.

“Ainda existe muito espaço para crescer no Sudeste, e por isso nosso trabalho primário ainda é na região. Mas estamos buscando outras parcerias com grandes empresas, principalmente na Região Sul do País”, afirmou Marcelo Justino. “Pretendemos no consolidar na Região Sudeste e mais especificamente em São Paulo nos próximos anos”, afirmou José Renato Borges, da Credz.

Com a saída dos grandes bancos do mercado, inúmeras empresas regionais começaram a crescer em suas operações. Ainda não existe nenhuma grande administradora no mercado. Alguns agentes de mercado apostam que haverá um processo de consolidação do mercado.

“Podemos ver nos próximos anos um processos de consolidação entre essas pequenas e medias administradoras e bandeiras”, afirmou Marcelo Justino.

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