Por: Felipe Marques

O Itaú Unibanco e a imobiliária Coelho da Fonseca encerraram no fim de maio a parceria que tinham para distribuição de financiamento habitacional do banco pelos corretores da empresa. A aliança, anunciada em 2008, estava prevista para durar dez anos e dava ao banco acesso exclusivo para emprestar aos clientes da Coelho da Fonseca.

Álvaro Coelho da Fonseca, dono da imobiliária, confirmou ao Valor o fim do acordo. Já o Itaú informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que “por uma questão de confidencialidade contratual” não poderia se manifestar sobre o tema.

O fim da parceria foi resultado de uma discussão entre banco e imobiliária sobre valores que a Coelho da Fonseca deveria pagar ao Itaú, conta o executivo. Quando o acordo foi firmado, o banco fez um aporte de capital na imobiliária de valor não divulgado. Esse dinheiro era uma espécie de adiantamento das comissões que a imobiliária receberia pela originação de crédito habitacional para o banco e seria pago ao Itaú ao longo do tempo.

De acordo com Coelho da Fonseca, o banco e a imobiliária discordaram sobre a performance da margem líquida financeira da parceria, indicador que determinava o montante a ser pago ao banco.

“O contrato previa um ‘checkpoint’ no sexto ano da parceria, que permitiria que o contrato fosse rescindido por qualquer uma das partes. Como não se chegou a um acordo sobre a margem, o Itaú resolveu rescindir”, afirma Fonseca. As discussões a respeito do futuro da aliança teriam começado ainda em 2014.

Ele conta que chegou-se a discutir uma extensão do acordo por mais 20 anos, a partir de 2018, mas que não houve consenso sobre os termos e a opção foi encerrar a aliança. Segundo Fonseca, a parceira gerou cerca de R$ 3 bilhões em crédito imobiliário para o banco, “com índices de inadimplência zero”. O alvo da aliança eram os clientes de alta renda atendidos pela imobiliária e que queriam algum tipo de financiamento.

As outras alianças do Itaú para distribuição de crédito imobiliário serão mantidas, afirmam executivos próximos ao banco. O Itaú tem uma joint-venture com a imobiliária Lopes, a CrediPronto, em que foi concebido um modelo distinto do que foi adotado com a Coelho da Fonseca. A CrediPronto encerrou 2014 com um estoque de R$ 4,7 bilhões em financiamentos, 16% superior a 2013. Também há uma parceria operacional com a imobiliária Remax.

“Passaremos a ter uma plataforma de crédito com vários bancos, em um modelo semelhante ao dos Estados Unidos, em que o corretor cota qual a taxa mais baixa entre os bancos naquele momento”, diz Álvaro Coelho da Fonseca.

Em março de 2015, as parcerias respondiam por 22% do saldo de crédito imobiliário do Itaú na pessoa física, segundo relatório divulgado pelo banco. A carteira de financiamento habitacional a indivíduos encerrou o primeiro trimestre em R$ 30,2 bilhões, com avanço de cerca de 19,6% em 12 meses.

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