Por: Beth Koike

Após dois anos de análises, a Kroton, maior grupo de ensino superior privado do país, fechou parceria com uma instituição financeira para oferecer crédito universitário aos seus alunos. A BV Financeira, do banco Votorantim, vai absorver cerca de metade da carteira de estudantes beneficiados pelo programa de parcelamento de mensalidades da Kroton, criado no começo de 2015.

Atualmente, a carteira do programa de parcelamento tem 61,5 mil alunos que pagam entre 30% e 50% da mensalidade durante a vigência do curso. A outra parte da mensalidade será quitada, sem juros e com correção monetária, nos quatro anos seguintes à formatura. O financiamento estudantil terá as mesmas regras, mas os recursos virão da BV e os juros serão subsidiados pela Kroton.

No programa de parcelamento, a companhia arca com tudo, inclusive com uma provisão de 50% para casos de inadimplência. “O financiamento é um complemento ao nosso programa de parcelamento, será concedido de forma gradativa e reduz nosso comprometimento de caixa”, disse Rodrigo Galindo, presidente da Kroton. “Os alunos que não se enquadram às exigências do banco, como fiador e comprovante de renda, permanecerão na carteira da Kroton, mas a parcela paga durante o curso vai aumentar”, explicou Frederico Abreu, vice-presidente financeiro da companhia.

A Kroton é o primeiro grupo educacional do país a ter um financiamento estudantil em parceria com uma instituição financeira. Hoje, os bancos não oferecem crédito para estudantes que fazem graduação devido à falta de garantias e por se tratar de um financiamento de longo prazo que se torna inviável com a taxa de juros praticada no mercado. Além disso, até 2014, havia uma grande oferta de Fies, programa do governo federal, cuja taxa de juros anual era 3,5% e os prazos de carência e amortização chegavam a ser de 13 anos.

A única gestora a atuar nesse mercado é a Ideal Invest que tem um sistema rigoroso de concessão de crédito universitário, que tem servido de modelo para bancos e até para o Ministério da Educação (MEC). Em novembro do ano passado, o banco Votorantim fechou parceria com a Ideal Invest e disponibilizou R$ 70 milhões para novos contratos de crédito universitário. A gestora capta recursos por meio de fundo de investimento em direitos creditórios (FIDC) e do banco Itaú, um dos acionistas da Ideal Invest.

Outros grupos educacionais como a Estácio e a Ser Educacional também têm programas de parcelamento de mensalidade, mas em menor escala. Segunda maior companhia de ensino superior privado do país, a Estácio começou a ofertar esse produto neste ano em regiões específicas, onde há demanda não atendida pelo Fies.

Na sexta-feira, as ações da Kroton fecharam com alta de mais de 5% na bolsa, entre as maiores valorizações do Ibovespa. Além do financiamento estudantil, o mercado recebeu bem os resultados do segundo trimestre, que vieram acima das projeções dos analistas. Havia uma expectativa de queda na rentabilidade da companhia.

No entanto, o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebtida) ajustado aumentou 10,7%, para R$ 700,2 milhões, no segundo trimestre. A margem do respectivo indicador subiu 0,6% para 46,1%.

A Kroton anunciou ainda, na sexta-feira, a criação de duas vice-presidências: de expansão e transformação digital. “Em cinco anos, vamos ser uma outra companhia. Estamos nos antecipando, protegendo a companhia, antes que uma ‘startup’ crie uma tecnologia educacional disruptiva como já ocorreu em outros setores. Vamos liderar esse processo”, disse Galindo.

CADASTRE-SE no Blog Televendas & Cobrança e receba semanalmente por e-mail nosso Newsletter com os principais artigos, vagas, notícias do mercado, além de concorrer a prêmios mensais.