Apesar de existirem linhas de créditos para pequenos negócios, requisitos restringem acesso

Além das dificuldades para conseguirem o dinheiro, empresários também penam com a demora dos bancos

Por: Ana Magalhães

Taxas de juros, prazos e carências variam de acordo com as diferentes linhas de crédito oferecidas para micro, pequenos e médios empresários. Já os requisitos exigidos ao empreendedor são quase sempre os mesmos: nome limpo na praça, projeto de investimento (ou ampliação) e garantias –imóveis, máquinas ou avalistas.

A Desenvolve SP, agência de fomento do governo estadual, descartou 81% dos pedidos apresentados em 2013 “por não se enquadrarem na política de crédito” da agência, segundo nota.

O maior problema, diz a agência, deve-se à “alta taxa de informalidade das empresas”, que muitas vezes não entregam a documentação completa, não comprovam faturamento dentro dos limites da agência (superior a R$ 360 mil anuais) ou apresentam “projetos inconsistentes” a serem financiados. Entre os 19% dos pedidos pré-aprovados, 51% foram concedidos, 48% estão em fase de negociação e 1% foi indeferido.

“Ainda há muito desconhecimento por parte do público”, afirma Milton Luiz de Melo Santos, presidente da Desenvolve SP. Ele diz que os pedidos de empresas com faturamento inferior a R$ 360 mil anuais são encaminhados para o BPP (Banco do Povo Paulista), banco de desenvolvimento do Estado que atende micro empresários formais ou informais.

No BPP, a rejeição a pedidos de crédito foi equivalente a 23% no ano passado. “A grande maioria, cerca de 60%, foi indeferida por restrição creditícia [nome no SPC ou no Serasa] do empreendedor”, diz Antônio Mendonça, diretor do banco.

Outro grande motivo de recusa é a falta de enquadramento nas linhas do banco ou a não entrega da documentação exigida. “Não concedemos crédito de consumo, só para investimento e capital de giro”, explica.

NOSSO PRÓPRIO TEMPO

Para Ricardo Menezes, do Instituto Empresa Melhor, que elabora projetos e presta consultoria, as exigências feitas por bancos ou agências de fomento são “justas”. O problema é a demora na liberação dos recursos.

“O BNDES tem boas taxas, mas, devido a grande procura, espera-se entre oito meses e um ano para a linha sair. Qualquer oportunidade já foi embora nesse prazo.”

Empréstimos do BNDES para pequenas empresas devem ser pedidos em bancos credenciados, como Bradesco, Caixa e Banco do Brasil.

Bancos públicos costumam ser mais rápidos e podem demorar entre quatro e seis meses, diz o consultor.

Fábio Antônio Ghilardi Jr., da Fábio Sports, empresa que fabrica redes esportivas, conta que pediu um empréstimo do BNDES em um banco público para comprar um tear na China. Os recursos demoraram quase um ano para sair. Nesse intervalo de tempo, ele chegou a ir à fábrica chinesa fazer o treinamento para operar o tear. “O chinês me ligava todo dia dizendo que ia vender para outro.”

Depois dessa experiência, ele afirma ter hoje mais facilidade para aprovar créditos no seu banco. “O gerente me ligou outro dia oferecendo novas linhas e dizendo que tenho costas quentes”, diverte-se o empresário.

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