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Regra de compulsório acirra compra de carteira

por: Afonso Bazolli
em: Crédito
fonte: Valor Econômico
23 de setembro de 2014 - 18:07

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Por: Felipe Marques e Vanessa Adachi

A mudança nas regras de remuneração do depósito compulsório intensificou a disputa entre os bancos pela compra de carteiras de crédito de outras instituições financeiras. Segundo fontes ouvidas pelo Valor, desde o fim de julho, quando o BC lançou a primeira leva de medidas, o spread exigido pelos bancos para compra de carteiras já caiu cerca de 10%, com a maior concorrência.

A compra de carteiras de crédito de instituições de menor porte é uma das alternativas que os bancos têm para impedir que 60% de seus recolhimentos compulsórios a prazo fiquem sem remuneração. Antes das medidas de julho, a totalidade desses depósitos era remunerada à taxa básica de juros (Selic). É por esse motivo que o interesse dos grandes bancos por essas compras aumentou sensivelmente.

“O mercado de compra de carteiras está com pouca oferta”, diz um diretor de um banco de varejo. “Nossa visão é que a compra de carteiras vai ajudar a abater o compulsório, mas não é o que vai fazer a diferença.” Além da compra de carteira, os bancos podem conceder crédito de veículos para preencher esse espaço.

Três executivos de bancos de atacado confirmaram que desde o fim da semana passada começaram a ser procurados pelos maiores bancos de varejo do país em busca de carteiras de crédito para comprar. Algo que, segundo esses executivos, não se via há muito tempo. “Isso quer dizer que a medida não servirá para destravar o crédito, porque os bancos preferem comprar carteiras a emprestar para novos clientes”, diz um deles.

Até agora, não se tem notícia de venda já concretizada. Um dos executivos confirma a intenção de vender parte de sua carteira, de olho em reduzir seu custo de captação. “Hoje tomo dinheiro a 100% do CDI, acredito que dá para baixar a 90% do CDI.”

Um outro executivo conta que o interesse dos bancos é por compra de carteiras de curto prazo. “Os grandes bancos não querem se comprometer com carteiras de prazo longo e correr o risco de ficar presos no caso de nova mudança de regra.” Vale lembrar que a norma atual se estende até agosto do ano que vem.

A proatividade dos bancos que precisam comprar carteira tem uma razão simples: o volume de portfólios de crédito à venda no mercado é escasso. Nos últimos anos, boa parte dos bancos que vendia seus portfólios deixou de fazê-lo, seja porque não precisa mais de recursos para ampliar empréstimos, seja por outros motivos. São nomes como BMG, Bonsucesso, Banco Pan (ex-PanAmericano) – que se associaram a Itaú Unibanco, Santander e BTG / Caixa Econômica Federal, respectivamente -, Banco Fibra (que saiu do varejo), ou mesmo o Banco Cruzeiro do Sul, que teve sua liquidação decretada pelo Banco Central em 2012.

Dentre as instituições financeiras que ainda vendem carteira, restaram alguns bancos ligados às montadoras de veículos e pequenas instituições de varejo. Carteiras de crédito corporativo não costumam ser vendidas dessa maneira. A lista de vendedores inclui o Banco Mercantil do Brasil e o Banco GMAC, que administra serviços financeiros para a General Motors do Brasil.

Outra questão, segundo um executivo de banco de varejo, é que as instituições de menor porte também têm pisado no freio na hora de dar crédito e, portanto, têm originado menor volume de carteiras. “Falta de liquidez não é um problema hoje para a maior parte dos bancos menores”, afirma. “Com o preço pago mais atraente para quem vende, nossa expectativa é atrair novos bancos dispostos a negociar a carteira”, diz.

Para um vice-presidente de um grande banco, a tendência é que os bancos médios passem a captar mais barato, o que também diminuiria o custo que essas instituições têm para emprestar. “Em última instância, o banco que comprar a carteira vai aceitar uma remuneração que tende a ficar perto da Selic, que era a remuneração original desse recurso”, afirma o executivo.

Vale lembrar que a regra do Banco Central também estabelece uma série de limitações para que uma carteira de crédito possa ser comprada com recursos do compulsório. Limites de exposição dentro de um mesmo conglomerado financeiro, limites de patrimônio de referência do banco vendedor são alguns exemplos dessas condições. Ou seja, há alguns casos em que, mesmo adquirindo carteiras no mercado, o banco não consegue abatê-las do seu compulsório.

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