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20 de novembro de 2017 - 18:06

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Falta educação financeira nas escolas e na família, mas sobra oferta de crédito nos bancos

Por: Ludmila Pizarro

A juventude é marcada pela diversidade, mas, no Brasil, a falta de educação financeira é um ponto comum. Um levantamento da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) aponta que 53% dos estudantes brasileiros não têm conhecimentos básicos sobre como lidar com dinheiro, o que gera tanto medo quanto descontrole. “A coisa que mais me estressa hoje é a falta de dinheiro, tenho pavor de banco. Acho que toda vez que entro vou sair de lá mais ferrada”, afirma a estudante de psicologia na USP Luana Alves, 23, que tem uma dívida contraída na época em que abriu uma conta para receber uma bolsa de pesquisa, e que ainda não conseguiu pagar.

“Educação financeira não é matemática. É uma ciência humana. O jovem precisa aprender a lidar com conta de banco, fazer planejamento. A oferta de crédito é absurda. Hoje ele entra como trainee na empresa e já recebe um crédito que é até o triplo do valor do salário. Ele gasta o salário mais o crédito”, afirma o educador financeiro Reinaldo Domingos.

“Tenho uma relação ‘entre tapas e beijos’ com o dinheiro”, descreve Camilla Cristie Silveira e Silva, 24. Ela se sustenta sozinha desde os 16 anos. “Aos 20, precisei assumir todas as contas, e reduzi 50% dos gastos. Foi difícil me adaptar, não podia fazer nada extravagante. É muita responsabilidade”, conta. Hoje Camilla é formada em direito e atua como professora de espanhol. Ganha mais dinheiro, mas o fantasma do descontrole continua. “Queria ter mais planejamento. Teve um mês que o cartão veio R$ 900. Dei muita aula e consegui juntar R$ 930 na véspera do vencimento”, conta. “Sinto que sou refém do dinheiro. Tenho muito medo de ficar sem ele”, diz.

“Na faculdade aprendemos a administrar o dinheiro dos outros, não o nosso, não o que vamos fazer da nossa vida. O problema não é o jovem, é que ele não está sendo preparado”, avalia o autor do livro “Educando Filhos para Empreender”, João Kepler.

Ana Carolina Silveira, 23, teve a ideia de vender brigadeiros na faculdade há três anos porque o pai ficou desempregado. “Precisava de grana para passagem e alimentação”, conta. Agora ela pensa em abrir um negócio, mas não sabe como. “Não entendo nada de negócios, teria que pedir ajuda”, diz. Tanto Ana como Camilla têm rendas variáveis e afirmam gastar mais quando recebem mais, e menos quando o dinheiro diminui.

Mesmo quem ainda não se sustenta tem medo de lidar com dinheiro. “Fico insegura por não ter conhecimento, por isso não gasto muito, tento ser ‘pé no chão’”, diz a estudante de arquitetura Victória Calais, 19. Ela passou a receber mesada dos pais no ano passado e admite que tem uma certa “proteção” quando o assunto é dinheiro. “Não tenho certeza de como vai ser quando for pagar minhas próprias contas”, diz.

Para a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, o jovem “deveria aproveitar o momento em que ainda não tem tantas responsabilidades para aprender a planejar o futuro, criar esse hábito. Comparo com a nutrição. Quem aprende a comer direito desde cedo tem mais facilidade de fazer dieta quando precisa”, diz.

Inadimplentes. Segundo o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), 21,9% da população brasileira entre 18 e 24 anos está inadimplente. São cerca de 5 milhões de pessoas nessa faixa etária.

Administrar empresa ajuda a controlar finanças pessoais

O administrador e escritor João Kepler afirma que uma revolução tecnológica está acontecendo e que “precisamos explicar aos jovens os reflexos disso no emprego”. Nunca foi tão importante discutir a educação empreendedora”, diz.

Para o consultor financeiro Reinaldo Domingos, porém, “a onda das startups” não resolve o problema sozinha. “Dou palestras para jovens empreendedores e, muitas vezes, a empresa está bem, mas a pessoa física está quebrada”, conta.

Sócio da startup Melhor Plano, que compara planos de celular e internet, Matheus Godinho já conhece os percalços de ser empreendedor aos 20 anos. “Comecei a empreender aos 16, passei por várias startups até dar certo com a Melhor Plano. Sempre estamos variando entre o azul e o vermelho. Teve mês que tive de abrir mão do pro-labore, me enrolei com cartão de crédito. Cheguei a procurar emprego fixo para fazer um dinheiro, tinha só R$ 2.000 na conta do banco”, afirma. Por outro lado, Godinho diz que hoje aplica o que aprendeu empreendendo nas finanças pessoais. “Empreender é uma escola”, opina.

É na escola, literalmente, que Isabella Silva Lima, 15, está conhecendo essa lógica. Ela faz parte do programa de educação empreendedora do Estado Meu Primeiro Negócio. “Trabalhar de carteira assinada não me seduz. Quem tem o próprio negócio tem controle de até onde pode ir. Quero investir no meu sonho, não no de outra pessoa”, diz. A jovem diz que já economiza para a faculdade. O dinheiro vem de pequenos trabalhos solicitados pela mãe.

Em sete anos. Uma projeção da consultoria PwC diz que a economia colaborativa, que tem exemplos como Uber e Airbnb, está em expansão e movimentará US$ 335 bilhões no mundo em 2025.

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