Mais do que promover o encontro dos principais players de mercado, congressos são ótimas oportunidades para debater tendências e apresentar soluções. Já consolidado no calendário de eventos do segmento varejista e de crédito no mercado brasileiro, na 11ª edição do Congresso C4 (Cartões, Canais de Pagamento e Crédito ao Consumidor) o desafio foi lançado: qual serão as soluções para popularizar o uso do mobile payment?
Realizado no Centro de Convenções Frei Caneca, em São Paulo, nos dias 7 e 8 de outubro, o evento contou com a participação de executivos de financeiras, seguradoras, varejistas, instituições bancárias. Mas o principal questionamento que norteou os painéis de debate, no entanto, não foi respondido.
Segundo Gustavo Souza, responsável pelo Desenvolvimento de Negócios do Google, a indústria tem dificuldade de se adaptar às necessidades e ao novo comportamento do consumidor. “Quando pensamos em revolução, pensamos no [Henry] Ford inventando o carro. Mas vivemos numa revolução marginal, que revoluciona o comportamento de forma silenciosa”, defende Souza, que para exemplificar, mostrou a evolução do telefone e do jogo Angry Birds Space. O primeiro demorou 75 anos para atingir 50 milhões de usuários, enquanto o segundo o fez em 35 dias. “A nossa crença é de que a próxima convergência é o pagamento digital. O Google não quer entrar no mercado financeiro para tomar uma fatia dos bancos. Mas entende que se não entrar neste mercado, ele perde”, continua.
Crítico da complexidade das soluções oferecidas pelas instituições financeiras, Troy Field, diretor de Soluções de Pagamentos da Fis Global, defendeu a criação de uma ferramenta simples, mas que unifique as plataformas digitais de pagamento. “O problema dos bancos é que eles estão acostumados a criar soluções como se fossem árvores, a partir de uma matriz. Mas se eu cortar esta matriz, as soluções não funcionariam mais. Por isso o pagamento em real time se mostra um grande desafio”, explicou Fields.
A pergunta respondida no evento foi sobre os rumos da economia brasileira, graças à avaliação do economista e ex-ministro da Fazenda Maílson Nógrega, que protagonizou a palestra magna do congresso. Nóbrega não acredita que o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) irá se concretizar, assim como aposta que a produção automobilística só voltará aos picos de produção de 2013 em 2020. “O consumo vai apresentar uma diferença maior do que nos últimos anos, porque não crescemos muito nos últimos anos, já que o governo adotou um monte de medidas errôneas, como aumentar a oferta de crédito e de salário acima da produtividade, o que comprometeu a competitividade do País”, afirmou. “Mesmo assim, o Brasil tem mecanismos que evitam que o país caia num abismo”, pontuou o ex-ministro, referindo-se à democracia consolidada, liberdade de imprensa e autonomia do Judiciário.
Oportunidades e Educação Financeira
Além do foco em soluções de meio de pagamento e exposição de empresas que atuam no ramo, a organização do congresso direcionou a grade de conteúdo também para relacionamento com o cliente e educação financeira. Quando o desafio é manter o cliente na base, Maurício Quinze, superintendente Loyalty do Itaú-Unibanco, a fidelização ainda não é usada adequadamente no País. “Quem quer fazer o programa de fidelidade tem de pensar na jornada do cliente [no programa] ao longo do tempo, e não usá-la apenas como uma ferramenta para que ele entre na conta da empresa”, defendeu.
Já para Adriana Serra, diretora de Desenvolvimento de Negócios da American Express, é uma ferramenta importante para impulsionar o desempenho das empresas. “O objetivo é aumentar a rentabilidade da empresa e temos que pensar sempre desta forma, além de dinamizar as opções para engajar o cliente”, orientou Adriana, que chegou a tais conclusões a partir da sua experiência no programa Membership Rewards. “O tíquete médio do fidelizado é o dobro dos não fidelizados”, contou.
Pedro Guasti, vice-presidente de Relações Institucionais da Buscapé Company, traçou estratégias para que empresas se adequem ao novo perfil de consumidor. Segundo ele, estar na internet e redes sociais é vital e, por isso, empresas devem investir em imagem. “O consumidor quer muita informação, quer qualidade de imagem e, se possível, diversos ângulos do produto. Assim, empresas devem investir na produção de conteúdo”, pontuou.
Outro tema que ganhou destaque foi o impacto dos negócios gerados por microempreendedores. Isabela Cadena, gerente de Marketing e Comunicação Corporativa da Caixa Crescer, afirmou que apenas microempreendedores informais movimentaram R$ 826 bilhões na economia brasileira em 2014. No entanto, além de oferecer crédito, a empresa tem de se comprometer com a formação deste público para garantir a sustentabilidade do negócio. “Em breve lançaremos cursos em EAD, 40 cursos em gestão de negócios em linguagem simples, como se fossem um bate papo. Acreditamos muito nesse produto, no impacto que ele terá no crescimento dos empreendedores”, comemorou Isabela.
CADASTRE-SE no Blog Televendas & Cobrança e receba semanalmente por e-mail nosso Newsletter com os principais artigos, vagas, notícias do mercado, além de concorrer a prêmios mensais.