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As lideranças estão menos capazes de serem visionárias

por: Afonso Bazolli
em: Gestão
fonte: Valor Econômico
28 de março de 2016 - 18:00

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Por: Vicky Bloch

Não é preciso ser um grande conhecedor da gestão empresarial para saber que as organizações se tornaram reféns do presente. Se antes isso se devia especialmente à pressão pelos resultados trimestrais, hoje tal preocupação se amplifica com a velocidade imposta pela internet e pelas redes sociais.

Não apenas os investidores, mas agora também os consumidores e demais stakeholders se manifestam (e com grande eco) em prol de mudanças e respostas imediatas.

A consequência do imediatismo é que as lideranças tradicionais estão sendo cada vez menos capazes de serem visionárias. Uma pesquisa realizada pelos especialistas em liderança James Kouzes e Barry Posner, em 2006, indicava que esse movimento já acontecia nos Estados Unidos. Em um levantamento realizado com milhares de profissionais de diversos níveis hierárquicos sobre as qualidades que eles desejam em seus líderes, o atributo ser visionário apareceu em segundo lugar, abaixo apenas da honestidade. O que os autores constataram, no entanto, foi que os líderes eram péssimos nisso – ser visionário era a competência que eles tinham menos capacidade de demonstrar.

Pela percepção que tenho em minhas idas e vindas profissionais, muito pouco mudou desde então com relação à habilidade de ser visionário, pelo menos no Brasil. Nas avaliações 360º que chegam a mim em processos de coaching, esse ainda é o pior item no desempenho dos executivos.

As equipes reclamam de vários fatores que se entrelaçam e acabam sabotando a capacidade de criar um senso de destino: falta confiança; o chefe não é transparente, não dá feedback e não divide com a equipe o que está pensando; faz cobranças apenas com relação ao presente; não pergunta se as pessoas precisam de ajuda e tampouco as leva para discussões integradas com outras equipes.

Essas constatações me espantam por mostrarem que a prática ainda está muito distante das grandes discussões da administração moderna. Vejo questões muito básicas ainda sendo malconduzidas e, ao mesmo tempo, pouca capacidade dos profissionais que atuam no desenvolvimento de lideranças de aperfeiçoar nos líderes essa habilidade de criar e comunicar as visões de futuro. Há de se fazer a ‘mea culpa’.

Sim, claro, existem bons exemplos de executivos e líderes empresariais capazes de imaginar possibilidades futuras estimulantes, e conheço de perto alguns deles – os quais me inspiram diariamente. Mas ainda são exceções, mesmo entre grandes corporações.

Kouzes e Posner já comprovaram, lá atrás, que a maioria das pessoas não gosta de ser apenas informada para onde está indo e o que deve fazer. Elas gostam de se sentir parte do processo, caminhar junto com os seus líderes, sonhar e inventar com eles. No fundo, acredito que as pessoas querem ter intimidade e familiaridade com seu líder para se concentrarem juntos nesse futuro. Elas querem ter a mesma causa das pessoas que elas admiram.

Visionário não é quem tem uma bola de cristal e adivinha tudo sozinho, mas sim o líder que constrói o futuro com o outro, que chama as pessoas para mudar o mundo junto com ele. E, ao mesmo tempo, está muito consciente e atento ao presente.

As lideranças com esse perfil, em geral, são pessoas felizes com o que fazem, têm clareza do seu papel, se sentem preenchidas e constroem com o outro o que vai fazer a diferença. Aqueles que sequer sabem o que os tornam felizes estão nitidamente caminhando em outra direção que não o futuro. Entregam o resultado, mas destroem o longo prazo e as relações entre as pessoas.

No fundo, essa habilidade diz respeito à capacidade de se entender como cidadão.

O paradoxo do “presente versus futuro” pode parecer atormentador, mas quem presta atenção no outro na sua totalidade, com suas sombras e luzes, consegue se conectar melhor às pessoas para desenharem, em parceria, essa visão e uma organização mais sustentável.

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