Cias estão cada vez mais interessadas em quem tem bagagem e sabe transpor obstáculos
Por: Cecília Polycarpo
Perder o emprego deixou de ser motivo de desespero para profissionais com mais idade. A situação, à primeira vista delicada, pode ser uma oportunidade para traçar objetivos profissionais mais satisfatórios e para se atualizar. E as empresas estão cada vez mais interessadas na maturidade e no comprometimento de candidatos mais experientes.
Um dos motivos é a dificuldade em lidar com a impulsividade da geração Y (pessoas nascidas entre 1984 e 1990), que é menos fiel às companhias.
Além disso, profissionais mais velhos são mais seguros para assumir e correr riscos, resultado de maior bagagem e experiência com situações similares vividas anteriormente.
O diretor-executivo da Michael Page, Ricardo Basaglia, afirma que as empresas do Brasil ainda contratam menos gente de meia-idade em comparação com países das Europa e com os Estados Unidos, principalmente em carreiras técnicas. Mas esta cultura está mudando aos poucos.
“Como o mercado nacional cresceu rápido nos últimos três anos, os profissionais com mais experiência são necessários e valorizados”, explica.
Ainda de acordo com o diretor, a visão de que se o candidato com mais 40 anos ainda não conseguiu um cargo de gerência ele não é esforçado, caiu por terra.
Hoje, quando recrutadores avaliam um executivo com mais idade, o objetivo é alinhar a expectativa do candidato com a da empresa. Se a companhia está em fase de crescimento, é necessário que o postulante tenha ambição de galgar posições.
“E isso independe da idade. Mas se a corporação está em posição de estabilidade, sem perspectiva de crescer, é importante que o candidato também diga que busca estabilidade”, explica. Para entender qual é o momento da empresa, é imprescindível uma boa pesquisa.
O candidato deve ainda fazer uma autoanálise de pontos fortes e fracos. A ideia é buscar sanar deficiências com treinamentos e cursos de reciclagem. Boa parte dos profissionais mais velhos não fala uma segunda língua.
“Nunca é tarde para estudar inglês e espanhol. E as empresas valorizam o esforço”, diz Basaglia. É necessário que quem procura a recolocação entenda que o mercado vê o profissional como um produto – por isso, ressaltar pontos fortes no currículo e entrevista é tão importante.
Por fim, é necessário entender quais setores valorizam mais executivos ou técnicos com mais de 40 anos. Empresas de informática e tecnologia, por exemplo, tradicionalmente têm profissionais mais jovens em seus quadros. Mas companhias multinacionais sólidas costumam contratar pessoas de meia-idade, até mesmo para treinar os colaboradores mais novos.
Também há vagas no mercado para profissionais com mais de 60 anos. Eles têm experiência cultural, são bons ouvintes e têm habilidade para resolver problemas. Além disso, apresentam menor possibilidade de trocar de emprego. O trabalho desenvolvido por esses profissionais é realizado com muita qualidade, comprometimento e responsabilidade.
Os salários da turma madura chega a ser 40% mais alto do que de profissionais recém-formados para ocupar cargos de gerência.
“A verdade é que candidato tem que mostrar entusiasmo e energia. O brilho no olho sempre conta mais que a idade”, completa Basaglia.
Vaga à altura
O engenheiro elétrico de Campinas Rogério Ferro Rodrigues, de 50 anos, ocupa cargos de coordenação e diretoria há mais de dez anos. Mas depois de precisar sair da cidade por causa de um emprego em São José dos Campos, passou anos vendo a família apenas aos finais de semana.
“Era uma multinacional Suíça, tinha uma posição executiva. Mas quando saí da empresa, me organizei e tracei a meta de voltar a morar em Campinas, perto da minha família”, explica Rodrigues.
O engenheiro conta que não foi fácil achar uma vaga à altura de sua experiência. Segundo ele, a maioria das matrizes de empresas de porte tem sede em São Paulo.
Além disso, muitos executivos de alto escalão da Capital têm procurado oportunidades no Interior para fugir do estresse, o que torna a concorrência ainda mais acirrada.
Além disso, vagas para posições mais elevadas dentro de uma corporação costumam ficar mais “escondidas” e precisam de indicação.
Por isso, o networking é considerado um dos mais poderosos meios de recolocação e entrada no mercado de trabalho, segundo especialistas de RH. Redes sociais virtuais especializadas na troca de contatos profissionais (como o LinkedIn) também são ferramentas eficazes.
“Mas consegui uma oportunidade através de uma head hunter por aqui, de diretor-geral em uma multinacional americana de serviços para celular. Era exatamente o que eu queria”, conta o executivo, que está na empresa desde outubro.
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Excelente matéria. Mas vejo que o mercado brasileiro e muito preconceituoso com os profissionais que já atingiram a meia idade.Justo quando estamos no auge da maturidade profissional,podendo múltiplicar experiências.As empresas nos desligam informando que não estamos atingindo o perfil desejado.Temos que nos diferenciarmos, pois o mercado esta cada vez mais competitivo e precoce.