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Porque o mau humor pode fazer bem para você

por: Afonso Bazolli
em: Gestão
fonte: Hype Science
08 de janeiro de 2014 - 18:00

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Por: Natasha Romanzoti

A sociedade atual parece exigir que todos sejam felizes, tamanha a perseguição a esse sentimento frente a todos os outros. No entanto, segundo o psicólogo Joseph Forgas, da Universidade de New South Wales, em Sydney (Austrália), infortúnios ocasionais que nos deixam tristes podem na verdade ter vantagens mentais e sociais.

“Mau humor é visto em nossa cultura focada em felicidade como um problema, mas é preciso estar ciente de que os sentimentos negativos temporários e leves têm benefícios importantes“, afirma.

Benefícios de estar triste ou ranzinza

É superficial supor que os sentimentos positivos só podem ter consequências positivas, e sentimentos negativos só podem ter consequências negativas.

Diversas evidências sugerem que o mau humor melhora alguns tipos de pensamento e comportamento. Por razões evolucionárias, humores positivos e negativos sutilmente levam a estilos de pensamento adequados para situações benignas ou preocupantes, sendo que cada uma exige uma maneira diferente de lidar com as circunstâncias.

Estudos recentes analisados por Forgas ilustram algumas das maneiras em que os períodos de tristeza espontaneamente favorecem um estilo de pensamento analítico e detalhista. Isso porque esses humores melancólicos evoluíram como sinais de alerta precoce a situações problemáticas ou perigosas que exigem muita atenção.

Humor x emoção

Seja bom ou ruim, humores são relativamente de intensidade baixa, sentimentos que podem durar de alguns minutos para o dia todo. Uma pessoa pode variar de humor sem saber o porquê ou até mesmo estar ciente disso – o que é muito diferente de sentimentos constantes de desamparo e desesperança, que configuram a depressão clínica, ou outras condições psicológicas.

No entanto, o humor pode durar muito mais do que emoções, que normalmente vem e se vão rapidamente. Diferente de um estado de espírito, alegria ou raiva intensas são experimentadas como tendo causas definidas.

Pessoas com humores tristes lembram mais detalhes de incidentes incomuns que testemunharam. Em janeiro de 2009, um estudo publicado no Journal of Experimental Social Psychology concluiu que clientes em uma loja suburbana lembraram mais detalhes sobre o que viram na loja quando disseram estar de mau humor em dias chuvosos, do que quando se sentiam felizes em dias ensolarados.

Humor triste também melhora a memória de testemunha oculares de crimes, aparentemente reduzindo a tendência que elas têm de incorporar detalhes enganosos ao que viram. Um estudo de 2005 do Journal of Experimental Social Psychology mostrou que estudantes universitários com humor triste (provocado por um filme triste) que haviam testemunhado uma briga encenada na semana anterior se lembraram de detalhes mais precisos do ocorrido mesmo em face de informações que poderiam confundi-los. O mesmo não foi verdade para participantes que haviam sido induzidos a um humor feliz.

Um pouco de melancolia também pode ajudar candidatos a emprego, pois reduz a tendência de estereotipar os outros, aumentando a precisão das primeiras impressões. As pessoas muitas vezes julgam quem mal conhecem assumindo que características óbvias, mas muitas vezes irrelevantes, como a atratividade física, refletem inteligência, afabilidade e outros traços ainda desconhecidos. Os psicólogos se referem a este fenômeno como o “efeito halo”. Humores negativos derrubam esse efeito durante primeiras impressões, conforme relato por estudo publicado no European Journal of Social Psychology em 2011.

Pessoas mau humoradas ou tristes também mostram uma maior disponibilidade para trabalhar em tarefas exigentes, se comunicam de forma mais persuasiva e ficam mais preocupadas em ser justas com os outros do que colegas de humor neutro ou feliz.

Ou seja, a tristeza confere benefícios sociais surpreendentes. Conforme diferentes estudos concluíram, humor triste aumenta a preocupação com os outros e a qualidade da comunicação, chegando a ter papel relevante até mesmo no quesito justiça – em comparação com a multidão feliz, os participantes tristes de uma pesquisa rejeitaram bem mais fazer divisões injustas de prêmios.

Alternativamente, o bom humor aciona um modo de pensamento propício à criatividade e a enxergar um cenário como um todo. Só que a felicidade sinaliza que uma situação é segura, ou pelo menos não imediatamente ameaçadora. Como resultado, as pessoas em um estado alegre tem o luxo de se concentrar em si mesmas e não em seus ambientes. Isso não favorece o pensamento analítico.

Influentes, mas não determinantes

Norbert Schwarz da Universidade de Michigan em Ann Arbor (EUA) lançou uma série de estudos que indicam que as pessoas usam o humor de baixa intensidade como uma fonte de informação ao formar opiniões.

Bons e maus humores são geralmente experimentados como resultado de qualquer problema ou situação que uma pessoa enfrenta atualmente. Isso pode influenciar seu dia a dia de várias maneiras – a favor, como quando um supervisor recomenda alguém para um aumento com base no sentimento positivo que tem sobre o desempenho recente dessa pessoa, ou contra, quando um chefe que se sente feliz porque é uma sexta-feira ensolarada pode aprovar um aumento para alguém que não merece.

Como já mencionado, Schwarz e seus colegas também creem que o humor espontaneamente molda como as pessoas pensam. Humor triste promove atenção aos detalhes, enquanto bom humor promove criatividade.

Ao mesmo tempo, eles explicam que as pessoas não são escravas de seus estados de espírito. Uma pessoa triste pode pensar de forma criativa, se necessário, e uma pessoa feliz pode completar tarefas complexas.

Ainda assim, evidências de diferentes pesquisas suportam a visão de Schwarz que o humor afeta os julgamentos das pessoas, muitas vezes vantajosamente e de maneira inconsciente. Um estudo da Universidade de Columbia em Nova York (EUA) descobriu que os voluntários que confiaram em seus sentimentos se saíram melhor na predição de eventos, tais como a performance do mercado de ações na próxima semana, do que os que desconfiaram de seus sentimentos.

Valorizar a tristeza

Não é que as pessoas deveriam ficar tristes com mais frequência; o que os recentes estudos indicam é que sentimentos negativos são comuns e generalizados, e por isso devem ter funções adaptativas vantajosas aos humanos. Não devemos, portanto, condená-los.

Por exemplo, sentimentos de tristeza podem influenciar a comunicação para melhor em situações em que parceiros não costumam falar tudo o que deveriam, tais como negociações diplomáticas ou vendas (estudos apontam que pessoas em humores tristes compartilham mais informações relevantes).

Claro que ser triste demais também seus problemas, assim como ser feliz demais. Humores negativos transitórios são absolutamente benéficos, mas quando se tornam muito frequentes perdem suas vantagens.

Do mesmo modo, felicidade crônica cria suas próprias insatisfações. A alegria de pessoas que vivem a fase maníaca do transtorno bipolar leva a todos os tipos de equívocos pessoais e sociais, por exemplo.

Fica ainda a reflexão de que o humor pode não favorecer estratégias mentais específicas, como proposto por Forgas, mas sim apenas intensificar ou modificar qualquer estilo de pensamento atual, conforme sugere o psicólogo Jeffrey Huntsinger. Estudos apontam que humores positivos levam as pessoas a intensificar seu comportamento atual, enquanto humores negativos desencadeiam uma mudança para um estilo de pensamento alternativo.

Se estes resultados forem verdadeiros, humores felizes e tristes simplesmente sinalizam se devemos ou não mudar de estilo de pensamento, em vez de indicar a possibilidade de adotar um estilo de pensamento analítico ou criativo. Os pesquisadores ainda precisam testar qual das duas possibilidades melhor explica os comportamentos relacionados ao humor. A verdade é que ainda não sabemos precisamente como o humor influencia o pensamento – então não podemos ser rápidos em julgar que o negativo é o pior.

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