Por: Felipe Maia

Apesar do discurso corporativo de que os profissionais hoje preferem trabalhar com algo de que gostam ou em um lugar em que possam crescer, o principal fator de decisão na hora de mudar de emprego ainda é o bolso.

De acordo com pesquisa feita pela consultoria Hay Group com 906 empresas, propostas salariais ocuparam os dois primeiros lugares na lista dos motivos dos pedidos de demissão no ano passado (para ocupar o mesmo cargo seguido de ser promovido em outra companhia).

Gustavo Tavares, diretor do Hay Group, diz que, apesar de a economia estar enfraquecida e as corporações terem menos recursos para fazer propostas altas, há muitas diferenças salariais.

“Se você comparar indústrias e regiões distintas, as diferenças salariais são muito grandes, especialmente em carreiras mais técnicas, em engenharia, vendas e TI”, afirma Tavares.

Ele aponta, entretanto, que os fatores menos citados, como falta de oportunidades de crescimento, são preocupantes. “Um quinto das pessoas sair por causa do relacionamento com o gestor é um número muito alto”, afirma.

Luis Testa, líder de pesquisa e estratégia do site de empregos Catho, afirma que as pessoas continuam se preocupando mais com o bolso porque o encontrar um trabalho e uma empresa dos quais se goste é “utópico”. “Muito pouca gente tem o emprego dos sonhos, então os outros acabam optando pelo salário mesmo”, diz.

Ele afirma, entretanto, que vai ficar mais difícil para as companhias oferecerem remunerações mais altas.

A “pressão salarial” medida pela Catho e pela Fipe, que indica a diferença entre o salário dos contratados em relação aos que deixaram a vaga, chegou ao índice 0,905 em dezembro. Isso significa que alguém que ganhava R$ 1.000 foi substituído por outro que recebe R$ 905, o menor valor desde julho de 2009.

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