Uma diferença que faz toda a “diferenssa”
Para o leitor acostumado ao bom português de Rui Barbosa, Machado de Assis ou mais contemporâneo a esses, Monteiro Lobato. O fato da frase titulo desse texto ter um erro de português propositalmente inserido na grafia da palavra “diferenssa”, pode ter gerado um incômodo ao ler o título do artigo, onde o correto seria estar escrito : diferença.
Percebam que se para uma palavra, a troca de uma simples silaba faz TODA diferença. Quão maior será a distinção de uma característica ligada ao perfil profissional de alguém?
Quero iniciar uma abordagem, já sabendo que não iremos esgotar o tema, quanto a discussão que permeia 2 tipos de profissionais os quais convivemos no dia a dia. Talvez – e muito provavelmente – convivamos com eles até mesmo quando escovamos nossos dentes todas as manhãs, ao nos olharmos no espelho…
Inicialmente a pergunta objetiva que deve ser feita é:
Você se considera um profissional imprescindível ou importante ?
Para que haja uma coleta de informação mais genuína, se reserve 10 segundos enquanto lê essas linhas e responda agora a si mesmo o que você pensa ao seu respeito, tente elencar alguns “porquês” que justifiquem a sua resposta à pergunta feita aqui.
Passado esse momento de reflexão introspectiva, podemos continuar já com os dados que você armazenou na sua resposta à si mesmo…
No dicionário Priberam a definição para as palavras “imprescindível” e “importante” são as seguintes:
Imprescindível
1. De que se não pode prescindir.
2. Indispensável.
Importante
1. Que tem importância; considerável; útil. s. m.
2. O que mais interessa.
Está claro que apesar de parecidas essas duas palavras não são exatamente iguais. Ou seja, há diferenças claras para cada uma delas quando confrontadas entre si.
Para a definição da palavra “imprescindível”, com clareza percebemos o indispensável, aquilo ou aquele que não pode faltar em algo…
Quando observada a definição da palavra “importante”, percebemos a importância, a utilidade e o que é realmente relevante à alguém ou para algo (deixado bem claro na definição acima “O que mais interessa”).
Igualmente diferentes são esses perfis profissionais, tanto o imprescindível, quanto o importante tem distinções de ações e modos de se portarem e interagirem ao ambiente…
Na verdade, seja qual for a sua resposta para à pergunta: ‘Você se considera um profissional imprescindível ou importante ? – afirmo que, não existe uma resposta certa para essa pergunta. Mas existe a reposta que aponta o seu momento de vida na carreira… indicando e ajudando-o a refletir no que você deseja para os próximos passos e objetivos profissionais.
Eu já estive nos dois lados da fronteira, e percebo que alguns profissionais muito capacitados também passam momentos alternando entre essas duas situações. Devo admitir que colhi e desperdicei frutos em ambos os lados. Existem vantagens e desvantagens seja qual for o lado que esteja, mas creio que hoje, entendendo melhor onde eu quero pautar minha participação como profissional gerindo pessoas, está mais claro em qual dos lados tenho minha preferência e portanto, uma maior permanência.
Em uma rápida avaliação sobre esses profissionais com suas vantagens e desvantagens, forças e fraquezas, pode-se elencar alguns pontos facilmente detectáveis sobre eles, para ajudar na sua avaliação pessoal e detectar em qual deles você está “se vestindo” no momento – Imprescindível X Importante – temos o seguinte:
Para uma melhor avaliação, dentre alguns profissionais, que de um modo genérico se enquadram nos perfis Imprescindíveis e Importantes, mostramos abaixo:
Na mesma linha avaliando o nosso lado pessoal, os pais são imprescindíveis, já os amigos e professores são importantes…
Sumarizando o assunto, o que percebemos é que o profissional Imprescindível goza de total domínio sobre seu trabalho, suas atividades e sobre seu departamento. Infelizmente esse profissional pode ficar incomodado em não ter domínio sobre algo que gostaria de ter: sobre sua própria carreira. E o mais frustrante poderá ser descobrir que ele próprio construiu sua guilhotina…
O imprescindível, diferente do importante, não pode se ausentar. Não pode se afastar do que realiza. Mesmo que não tenha um perfil centralizador, o conhecimento está centralizado nele – indivíduo – por isso, a figura dele não pode deixar de ser vista exatamente no ponto ao qual foi escalado.
Pegando o futebol como exemplo, vemos quantos técnicos de futebol criaram conflitos e discordância do perfil do excelente goleiro: Rogério Ceni.
Com seu perfil de exímio cobrador de faltas ele “saiu do escopo” ao qual foi designado várias vezes. Muitas delas causando desconforto no treinador que o instruía. Esse é um case de sucesso, mas sucesso relativo, pois a habilidade pontual do notório Rogério Ceni, não o fez mudar sua execução, apenas oxigenou eventualmente sua tarefa cotidiana. Pois sempre ao final, ele retornava ao gol. Fazia seus gols, mas não atuava na busca deles, não era o artilheiro. Bem verdade que, exceto Pelé, nitidamente um ponto fora da curva na competência futebolística, nenhum outro artilheiro que atuasse na linha, foi de forma exemplar, um goleiro… mas Mr. Ceni é um goleiro-artilheiro.
Ao profissional imprescindível fica reservada a notoriedade sem mobilidade. Caso este tente sair para um departamento na própria empresa, poderá ser “barrado pelo técnico” (Êpa! Não avance o meio de campo, você é goleiro não atacante!), pois é imprescindível e único onde atua, em sua área…se o juiz expulsar um jogador de linha o time continua o jogo mesmo com um a menos, mas se expulsar um goleiro o que acontece? Ele deve ser substituído por um reserva ou alguém do próprio time deverá ir para o posicionamento do guarda metas (goleiro). Motivo: o goleiro é imprescindível, o jogo não acontece sem a presença dele.
Se esse profissional imprescindível tentar ir para o mercado visando alçar vôos mais altos e subir alguns degraus, poderá incorrer no risco da sensação do “Gestor Traído”. Vocês já devem ter ouvido alguém dizer algum dia: “…ah, fulano de tal, me deixou na mão… agora não tenho quem faça o que ele fazia para mim. Ele me quebrou, mas aqui, posso garantir – tá queimado!”
A pouca habilidade do imprescindível em criar backup, a proximidade que ele fomenta diante de um SER TEMPERAMENTAL, conhecido como “superior hierárquico”, onde descobertas recentes comprovaram que este SER muda de humor mais do que as mulheres de sapatos, e mais do que a lua em suas diversas fases, pode contribuir para um desgaste que o levará à velocidade do som na Régua de Preferência entre 2 extremos, diante da visão do seu gestor: de Preferido à Preterido.
Vimos então, que esse profissional imprescindível terá sucesso se decidir ser “o cara da casa”, “que veste a camisa como segunda pele”, e que “não almeja traições em namoricos com a concorrência”. Caso essa seja a aspiração do imprescindível, minha sugestão: Acelere e continue assim! Você está no caminho certo! As chances de erros são mínimas às suas pretensões.
Caso você se incomodou desde o colégio em ser escalado no gol (como eu) e, fazia pior que o Rogerio Ceni, abandonando o Gol e indo até o ataque (também como eu) quando seu time demonstrava inércia… bem, ai você tem que manter uma diferente postura, fazendo os outros o considerarem um profissional importante, não imprescindível.
Se decididamente você quer mobilidade, quer compartilhar conhecimento, agregar outros conhecimentos, muitas vezes adquiridos coletivamente, e também distribuídos de forma coletiva… se não te incomoda deixar de ser o colaborador mais próximo que o seu superior hierárquico tem, entretanto ser aquele que ele pode contar para uma tarefa que requer flexibilidade, não rotulando-o à atividade, mas sim a sua capacidade de se sobressair a novos desafios. Bem, se é isso que você procura, muito provavelmente você irá fugir do centro das atenções e do perfil imprescindível. Quando olharem para você, terão sempre a tranqüilidade de tirá-lo para uma nova tarefa, pois você pulverizou conhecimento das suas atividades para que haja um backup adequado e “nenhum prato caia” quando você deixar a cadeira de “equilibrista da vez” para outro colega…
Geralmente gestores tem o perfil do profissional importante, ao passo que técnicos tem a postura do imprescindível. Como disse anteriormente, não existe certo ou errado, mas existe aquilo que você almeja de si e do modo o qual os outros vêem sua carreira. Às vezes nos vemos “vestidos” em um tipo de profissional, e outras vezes “vestimos” outro tipo… isso também depende, vale dizer, do ambiente e momento em que você está vivendo.
Você como profissional deve decidir qual o melhor perfil para explorar seu potencial HOJE. Já que ser um ou outro passa pela questão circunstancial, como vimos.
Faça sua escolha consciente, e decida se quer ser um Profissional imprescindível ou importante – com qual deles você acredita que conseguirá alçar melhor o que almeja?
Boa Sorte na sua escolha. Desejo que ela seja assertiva e adequada ao seu momento e com isso o Sucesso seja uma conseqüência inevitável !!!
Erdel Santos
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Goes – é isso mesmo!
Voce está certo:
O insubstituível quando se ausenta, “deixa orfãos”.
Obrigado pelo comentário.
Abçs,
Erdel Santos
Prezado Erdel,
Só posso agradecer e parabenizar pela excelente abordagem.
Está mais do que provado que é necessário analisar bem os dois lados da moeda antes de optar por um deles.
Obrigada
Jaqueline
Olá Jaqueline,
Seu comentário me deixa muito lisonjeado, pois sei que parte de uma pessoa que tem totais condições de avaliar (e contribuir com insumos… ) o tema que expus.
Dentro da linha de compartilhar e contribuir com o que carregamos em nossa vivência profissional, a minha despretenciosa idéia foi apenas e tão somente provocar uma reflexão a novos e já experientes profissionais não somente do setor de Call Center.
Eu é que agradeço seu comentário.
Continue nos acompanhando aqui no blog.
Sds,
Erdel Santos
Erdel,
Excelente!
Muito rica e interesante a abordagem do assunto e a construção coerente das idéias.
O texto me fez refletir o assunto sob um novo ângulo.
Parabéns e obrigada por compartilhar este conhecimento.
Abraços!
Oi Cristiane,
Agradeço suas observações e espero que realmente o texto conduza a reflexões básicas no nosso ambiente, que por vezes, atropelados na nossa dinâmica e rotina avassaladora, não nos permite um momento reflexão…
Continue nos acompanhando aqui no blog, e meus votos de Sucesso!!
Abçs,
Erdel Santos
Erdel,
Muito bom o post! E com a abundância de detalhes de sempre.
E, mais do que imprescindível ou importante, é fundamental que o profissional, da área que seja, tenha a plena consciência de que ninguém é insubstituível!!
Grande abraço!