Por: João Kepler Braga

Cada vez mais a internet tem se tornado um importante e representativo canal de vendas. Atualmente, é comum encontrar inúmeras lojas de diferentes segmentos que estão utilizando o canal para ampliar sua atuação e buscar novos mercados. E com a popularização desse novo formato de fazer negócios, é inevitável que os empreendedores, independentemente da área de atuação, se perguntem: “Mas será que eu também posso usar a web a meu favor? Afinal, qualquer negócio/segmento pode dar certo na internet?”

Cuidados

O primeiro ponto que precisa ficar claro para responder às perguntas acima é que vender pela internet não é simplesmente montar um e-commerce e começar a enviar os pedidos aos clientes virtuais. Mais do que um canal de vendas, a internet é um importante canal de relacionamento, e isso significa que mesmo que você não veja seu cliente na sua frente fisicamente, você precisa se relacionar com ele por meio das ferramentas que a própria internet oferece.

Parece óbvio, mas muita gente acaba se esquecendo de que, na frente do computador, tablet ou smartphone, existe uma pessoa que está realizando a compra, não um robô. E essa pessoa, seu cliente, precisa de atenção – às vezes, de esclarecimento, orientação. Nesse sentido, um dos principais erros cometidos pelos empreendedores que passam a utilizar a “rede mundial de computadores” para vender é simplesmente automatizar todos os processos e nem sequer se preocupar com o feedback dos consumidores e em responder perguntas, ajudar no esclarecimento de dúvidas e assim por diante. Um verdadeiro tiro no pé!

Dito isso, vale destacar que, além de tentadora, a ideia de ter uma empresa que permanece aberta 24 horas por dia, sete dias da semana e que pode atingir qualquer consumidor no mundo pode ser um grande boom para o seu negócio. Contudo, ao desenhar um site de e-commerce, algumas coisas devem ser consideradas. Montar uma loja virtual não é tão básico quanto simplesmente implementar um software de carrinho de compras e inserir produtos em um banco de dados.

Independentemente da motivação que esteja fazendo você refletir sobre a entrada ou permanência/ampliação da sua atuação na internet, o primeiro passo é entender o que está por trás do seu projeto. Você terá um negócio, e não simplesmente um site que expõe seus produtos para venda. Hoje em dia, o comércio eletrônico no Brasil já não dá margem para atitudes amadoras. Portanto, antes de tudo, seja profissional. Tome atitudes empreendedoras, estude, planeje e dedique-se.

Uma resposta e várias sugestões

Existe espaço, sim, para todos os segmentos de negócio na internet, principalmente para aqueles que são bem estruturados e planejados. Uma dica nesse sentido é escolher um nicho que você domine – essa é, inclusive, a melhor forma de lidar com a concorrência dos grandes players do mercado. Se você tiver conhecimento e paixão pelo que oferece aos consumidores, é meio caminho andado para entender melhor seus clientes e se tornar uma referência naquele segmento específico. Faça pesquisas regularmente, principalmente quando for criar o conceito de sua loja virtual e quando pretender lançar novos produtos.

Tendo a noção de que você tem um negócio, é preciso agir como um empreendedor. Faça cursos, se informe bastante sobre o tema, vá a encontros e eventos relacionados e converse com pessoas que já estão atuando no mercado. Não é segredo para ninguém que, no mundo dos negócios, físico ou virtual, é fundamental construir uma base sólida de contatos. Capacite-se, informe-se e faça networking sempre que possível

Outro ponto importante diz respeito à forma como algumas empresas conduzem o atendimento ao cliente. Traga seu cliente para dentro da sua organização, facilite o aceso dele à sua equipe e nunca crie barreiras ou empecilhos que possam desestimular ou fazer com que ele desista de concluir a compra na sua empresa. Disponibilize chats, e-mails e telefone em todas as páginas do site para tirar qualquer dúvida de seus clientes. Isso pode ser um fator de diferenciação que se traduzirá em vendas e em um relacionamento melhor com seus clientes, o que dará mais confiança a eles.

Lembre-se de que estamos falando de relacionamento no sentido literal da palavra, por isso, nunca prometa algo que não possa cumprir, afinal, a confiança é construída através de boas experiências. Ou seja, o prazo de entrega precisa ser real, e não se deve cair no erro de prometer um prazo pequeno para atrair o cliente. Pelo contrário. O ideal é apresentar um prazo até maior, para evitar reclamações e conseguir, ainda, o possível efeito surpresa de o cliente receber antes do esperado, o que o deixará mais contente. O mesmo vale para as promessas de frete grátis e descontos. Se prometeu, cumpra.

É bom lembrar, ainda, que o consumidor geralmente não compra na primeira visita e que a taxa de conversão de novos visitantes gira em torno de 3%. A recompra, então, é responsável pela grande maioria do volume das vendas de vários lojistas virtuais. A taxa de conversão média, através da comunicação por e-mail, ultrapassa os 14%, em certos casos. Então, dê bastante valor às pessoas que já utilizaram a internet para comprar com você e estreite o relacionamento com elas. A palavra de ordem é “relacionamento”, e não necessariamente “venda”.

João Kepler Braga é reconhecido como o palestrante mais sintonizado com a inovação e a convergência digital no Brasil. Escritor e pensador que mostra em suas palestras as melhores práticas já testadas e desenvolvidas por anos de experiência em seus próprios negócios, é espalhador de ideias digitais e acredita que só a aplicação na prática pode realmente mostrar como tudo funciona.

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