Ainda nos deparamos com algumas centrais de atendimento que praticam a monitoria da qualidade no modelo que consiste em “ouvir”, “preencher o formulário de monitoria”, “calibrar”, “gerar relatório”, “ouvir”, “preencher o formulário”, “calibrar” e “gerar relatório” novamente.
Este ciclo repetitivo não explora o verdadeiro potencial do monitor: Um profissional que deve conhecer muito bem a empresa em que trabalha, seus valores e, principalmente, os produtos e serviços que motivam as ligações dos consumidores. Limitar estas expertises a uma sala fechada, afastando-os dos operadores, dos líderes e da cultura envolvida nos produtos e serviços é, no mínimo, um desperdício.
Compartilho hoje com vocês o que entendo por Monitoria da Qualidade e o resultado que obtivemos dos times de Qualidade em alguns dos projetos e atividades desenvolvidas durante os últimos anos.
Passando inicialmente pela redefinição das atividades do monitor, pois os colegas precisam ter a visão do objetivo estratégico da área. “Quem não sabe o que busca, não identifica quando encontra”.
Assim, buscamos ampliar o escopo de atividades do monitor da qualidade, abrindo a equipe para todas as áreas da companhia. Os monitores passaram, por exemplo, a atuar diretamente nos treinamentos de novos colaboradores, ministrando a metodologia de monitoria e seus critérios. O primeiro contato do novo atendente com o monitor era extremamente positivo e acontecia antes do novo colega colocar pela primeira vez um headset.
Os monitores não eram divididos apenas por produto ou operação, mas por supervisor. Comprometia o resultado da qualidade? Não, devido ao alto grau de comprometimento, forte acompanhamento da gestão e metas complementares bem definidas: Operações + Qualidade.
Os monitores também passaram a aplicar o feedback diretamente aos agentes. Sim, feedback! Em linha com o supervisor, o monitor orientava o operador sobre como incrementar a qualidade do atendimento e assim garantir ou ampliar a sua remuneração variável.
Além disso, os monitores iniciaram a realização de Visitas da Qualidade nas centrais, com objetivo de identificar a forma e ferramentas utilizadas para cumprimento dos resultados. Observavam desde celulares nas posições (um tipo de requisito fundamental para muitas operações, que visa garantir a confidencialidade das informações) até as dificuldades de acesso aos sistemas. Tudo muito bem documentado, alimentando os gestores com informações e fomentando novos planos de ação.
Atuavam também como auditores internos com foco nas normas ISO 9001:2008 e PROBARE – Selo e Ética e Perfil de Maturidade de Gestão. Ganhamos fôlego e incrementamos o volume de auditorias internas em 10 vezes.
Mas, de todas estas iniciativas, a que mais me marcou foi realizada pela primeira vez em 2009 e serviu como poderosa quebra de paradigma. Foi nosso projeto de união da Monitoria e da Pesquisa.
No fluxo tradicional de atividades dos monitores, ao apresentarmos a nota da qualidade para as operações e empresas, eventualmente recebíamos questionamentos sobre aqueles indicadores realmente refletirem a qualidade das operações. Então, um novo elemento ingressa o ciclo: o ato de comprovar.
O modelo consistia em oferecer ao monitor autonomia para contatar por telefone o consumidor alvo da sua monitoria, até 24 horas após seu atendimento pela central e, utilizando um questionário de cinco perguntas com ligação gravada, ratificar ou não a nota por ele atribuída. Para nós foi a descoberta da pólvora! Era uma forma simples e efetiva de calibrar o trabalho da nossa equipe e também de aferir a qualidade do atendimento diretamente com o bem mais importante de qualquer empresa: o consumidor.
Agora saber se “o consumidor estava satisfeito com o nosso atendimento” e entender se “a monitoria da qualidade estava calibrada com o consumidor” era mais simples e não implicava em aumento de equipe ou incremento de outros custos. Ao invés de realizarmos milhares de monitorias dentro do ciclo repetitivo, renegociávamos os volumes e destinávamos parte do tempo do monitor as atividades inovadoras, que promoveram saltos de qualidade na formação dos jovens monitores e um ciclo virtuoso de satisfação dos clientes.
Mais do que fartos recursos financeiros, o diferencial nestas abordagens é criar espaço para equipes criativas, que coloquem em prática soluções simples, mas repletas de energia e dedicação. Sempre haverá uma forma criativa, divertida e inovadora para ser fazer as mesmas coisas e o comercial de 2 minutos da japonesa NTT DoCoMo exemplifica como:
Abra para os seus colaboradores novas oportunidades de atuação e novas atividades. Você ficará surpreso com a resposta. E o cliente também!
Neiva Dourado Mendes (neiva.mendes@areadaqualidade.com.br) é executiva de Gente e Gestão, consultora, palestrante e voluntária no GRAACC de São Paulo. Possui vasta experiência nas áreas de recursos humanos, relacionamento entre empresas e consumidores, gestão da qualidade, compras corporativas, canais de vendas e retenção e tecnologia. Conta com grande histórico de transformações organizacionais no Brasil e em Portugal.
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Foi bom reler e rever esse texto e vídeo, as empresas precisam e devem nos dar ferramentas para que possamos realizar esse trabalho de monitoria. Sendo que este não deve ser apenas um trabalho em mostrar as falhas de colaboradores e sim ajudá-los a chegar no resultado esperado pelo setor de Qualidade e pelo Cliente.
Neiva :fiquei muito feliz em ter uma aula através deste texto- Que você possa sempre nos brindar com oportunidades para repensarmos nossas práticas. Parabéns!
Oi Carmen,
Obrigada!
Relato aqui as lições aprendidas e os bons resultados que colhemos juntas, eu Dedic, você Vivo.
Sucesso!
Eu que estou do lá de cá da linha sei o quanto é importante um bom profissional nesse trabalho que, tenho certeza, é estressante. Seu texto é muito bom; aliás como tudo o que você faz.
Obrigada, Teresa! Muito obrigada pelo carinho e por estar comigo nesta trajetória, são 24 de amizade e parceria!
1beijo!
Neiva mais um instigante texto. Qualidade não é necessariamente apenas uma variável da equação de custo. O artigo começa com uma frase que apresenta logo no início o tamanho da oportunidade na Gestão de Qualidade: sair do modelo “ouvir”, “preencher o formulário de monitoria”, “calibrar”, “gerar relatório”.
Obrigado por mais uma oportunidade de reflexão Neiva.
Obrigada, André! Pelo apoio, carinho, parceria, orientação! Obrigada pela amizade!
E espero que continue acompanhando o Blog Televendas e Cobrança.
Forte abraço, sucesso!
Não há ideias idiotas. Todas as ideias devem ser testadas, quanto mais não seja para se demonstrar que não funciona. Aí a cabeça fica livre para partirmos para outra. Em call center prevalecem ainda dezenas de paradigmas obsoletos: sobre a linguagem a usar, sobre os scripts, sobre as metodologias de monitorização, sobre a medição de indicadores, sobre os custos directos e indirectos, sobre terceirizar ou manter em casa, sobre isto e sobre aquilo.
Não há modelos perfeitos e o que a Neiva demonstra aqui é que um verdadeiro líder (director, administrador, supervisor,…) não deve nunca ter medo de fazer diferente. Baralhar as cartas, e dar de novo.
Grande Lígia, a minha diretora querida do outro lado do Atlântico e que conhece e domina call center como poucos, não importa o país ou o idioma, o domínio é completo!
Baralhar as cartas, e dar de novo, é o que você sempre praticou!
Camila, obrigada!
O artigo é dedicado a vocês. Realizaram e realizam coisas incríveis, simples, práticas, mas com excelentes resultados.
Estamos ativas e prontas para novas ideias.
Sucesso, tenho orgulho do seu desempenho e desenvolvimento!
Texto excelente… Ler um artigo escrito por uma pessoa tão querida e competente, me traz muitas lembranças e saudades de quando podia compartilhar de sabedoria toda pessoalmente. Parabéns Neivinha.
Sócrates, obrigada você é muito gentil. Obrigada pelo carinho! Fiquei muito feliz com o seu comentário, saudade de você
Ler este artigo me trouxe lembranças excelentes: Vivi esta fase, de ser parte do processo, da pesquisa com o cliente final, e claro, me sentir e fazer que todos se sentissem importantes.
Numa situação contrária hoje, percebo o quanto é importante a Qualidade inserida na operação, sendo co responsável dos resultados da companhia, e mais: sendo responsável pelo desenvolvimento do operador.
Belo texto, e mais que belas palavras, sou prova que são a transcrição de resultados reais e efetivos.