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Exclusivo: O jogo entre Fintechs e Bancos

por: Afonso Bazolli
fonte: Best Performance News
24 de julho de 2016 - 14:06

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Por: Camila Balthazar

A revolução financeira tecnológica ganha cada vez mais players no mundo e começa a ter destaque no brasil. Instituições financeiras estão de olho nas startups e contam com estratégias específicas para esse mercado.

A pesquisa mais recente da Venture Scanner, publicada em março de 2016, mapeou 1.379 fintechs em todo o mundo e subdividiu as startups e empresas de inovação financeira em 16 categorias, entre as quais finanças pessoais, empréstimos, meios de pagamento, investimentos e analytics, sendo que o primeiro lugar fica com crédito pessoal. São quase 200 mil empresas nesse nicho com um aporte de 12 bilhões de dólares em investimento em 2015, um crescimento de 50% em relação a 2014.

Outros dados chamam a atenção no relatório. O ano de 2012 foi o grande boom das fintechs, com o maior número de empresas novas surgindo no mercado. Os Estados Unidos lideram essa corrida, seguidos a distância pelo Reino Unido. Já no Brasil, estima-se que sejam cerca 400 fintechs, sendo que dessas 150 estão estágio mais avançado – e despertou o grande público para esse tema no início do segundo semestre de 2015, quando a grande mídia colocou o termo que mistura as palavras em inglês financial e technology no holofote.

Desde então, há quem acredite que as fintechs representam uma ameaça aos bancos e demais instituições do segmento, por terem um potencial real de ficar com uma fatia dos lucros do setor bancário, já que muitas eliminam esse mediador tradicional das operações financeiras. Outros analisam o lado das possíveis parcerias, que também são realidade para o caso de startups de recuperação de crédito, por exemplo. Segundo Eduardo Maróstica, professor de Empreendedorismo da IBE-FGV, a tendência é que cada vez mais os bancos, que antes eram varejo, se transformem em empresas de tecnologia. “Como consequência, as instituições montarão seu próprio modelo de negócio ou irão adquirir empresas pré-prontas com metodologia adequada”, afirma.

O co-fundador da agência de inovação Clay Innovation e do portal de debate de ideias FintechLab, Marcelo Bradaschia, aprofunda essa questão. De acordo com ele, não é possível focar apenas em ameaça. “Dependendo do olhar, podemos encarar também como oportunidade de mudança e melhoria. Existem fintechs que se somam aos bancos, como prestadores de serviço. Outras realmente competem com bancos, como é o caso do Nubank, que atua no rentável mercado de cartões de crédito”, destaca.

O PEQUENO QUE CRESCE

O fenômeno das fintechs ganha cada vez mais clientes por apresentar em soluções inovadoras e menos burocráticas. O Nubank, emissor e administrador de cartão de crédito sem anuidade coma bandeira MasterCard, é um exemplo da transformação um conceito antigo, que é o cartão de crédito, em algo disruptivo. Isso porque o cliente contrata o produto pelo aplicativo disponível para Android, iOS ou Windows Phone, o que vem conquistando principalmente a geração dos millenials, composta por pessoas entre 18 e 34 anos. É só baixar o aplicativo e preencher o cadastro pelo celular, o que inclui o envio de uma imagem da carteira de identidade e uma selfie tirada na hora para comparar se a foto do documento bate com a versão ao vivo.

Para o sócio-fundador do Kitado, Paulo de Tarso, esse momento de ebulição das fintechs se deve a um alinhamento perfeito de algumas variáveis: capital intelectual disponível + tecnologia acessível + lentidão dos players em apresentar novidades. “Agora tem mais provocações no mercado, com empresas atuando de formas diferentes e dizendo: ‘eu sou diferente e quero tomar seu pedaço. Você atende mal e vou fazer melhor que você’”, comenta o empreendedor da plataforma online de negociação de dívidas vencidas.

Fundado em 2014, o Kitado foi pioneiro ao apresentar um canal 100% digital para negociar dívidas. Entre os parceiros do serviço estão o Banco Pan, o Banco Fibra e a Sky. “Estamos conversando com o Itaú e outras grandes instituições”, indica Tarso, ao explicar que o Kitado não confronta com os bancos. “Nós trazemos uma oportunidade do banco fazer diferente. Nosso desafio é fazer com que a indústria seja mais eficiente no recebimento de alguém que quer pagar a dívida. Já temos mais de 100 mil negociações feitas pelo portal”, comemora Tarso, apontando que o próximo passo é desenvolver uma solução que auxilie as assessorias de cobrança.

Os colaboradores do Kitado ocupam uma bancada no espaço de coworking Cubo, uma iniciativa do Itaú Unibanco em parceria com a Redpoint eventures, lançada em maio de 2015. O prédio de cinco andares localizado no bairro paulistano Vila Olímpia tem aproximadamente 50 startups de diferentes setores – e um andar só de fintech.

BANCOS TECH

A superintendente de Gestão de TI do Itaú Unibanco, Erica Jannini, conta que o objetivo da ideia é fomentar o mercado de empreendedorismo tecnológico na América Latina e oferecer um ambiente inspirador. “A proximidade com pessoas talentosas e inovadoras tem gerado grande aprendizado e feito o banco reconhecer que a inovação, em grande medida, vem de startups e empreendedores, que trabalham de forma diferenciada, ágil e cada vez mais colaborativa. O Cubo será nosso aliado, pois nos permitirá entender qual o melhor modelo para se trabalhar em parceria com startups e, dessa forma, oferecer soluções cada vez mais adequadas às necessidades dos nossos clientes”, afirma.

Com uma ação mais participava junto às fintechs, o Bradesco tem apostado no Programa InovaBRA, lançado em 2014 para selecionar projetos inovadores de startups com soluções para o setor de produtos e serviços financeiros. Depois da seleção, as empresas que chegam à fase seguinte interagem com as áreas de negócio e tecnologia do banco, sendo que os testes bem-sucedidos podem ser incorporados ao banco. “O grande diferencial do nosso programa foi o fato de as empresas trabalharem com base em demandas reais apontadas pelas unidades de negócio do banco, o que dilui o risco da inovação”, comenta Maurício Minas, vice-presidente do Bradesco.

Para Bradaschia, co-fundador do portal FintechLab, os bancos sempre tiveram um foco muito mais transacional do que se preocupar em compreender a jornada do cliente e prestar serviços aderentes à sua necessidade. “A nova maneira de pensar o cliente inverte essa questão e os bancos passaram a compreender isso. Uma estratégia adotada é a aproximação dos bancos das iniciativas que estão surgindo, sendo que os programas do Cubo e InovaBra são dois exemplos. Também está havendo um aumento da experimentação dos bancos a novos modelos de negócios, estruturando seus próprios laboratórios e áreas e prototipagem ou fazendo aquisição/parceria estratégia com fintechs – apesar de não fazerem divulgação pública a respeito”, explica.

O Santander tem caminhado por esses dois cenários. A última notícia anunciada pelo banco é a criação do Santander Labs em parceria com a MasterCard. O laboratório de pesquisa e desenvolvimento em meios de pagamentos é inédito na América Latina e seguirá o conceito e a metodologia do MasterCard Labs, um centro de soluções tecnológicas para a indústria financeira, com sede em Dublin, na Irlanda. Lá, foram desenvolvidas diversas soluções, como o aplicativo Qkr!, usado no Estados Unidos, Canadá, Austrália e Chile. A previsão é que o Santander Labs seja inaugurado ainda no primeiro semestre de 2016.

Mas o banco espanhol também tem outras investidas no universo das fintechs. Em maio de 2016, São Paulo recebe o concurso internacional Fintech Venture Days, que premia startups de tecnologia financeira. A iniciativa é resultado de uma parceria entre a IE Business School e o Santander InnoVentures, um fundo de investimento em fintechs com sede em Londres e lança- do em 2014. E, no início de 2015, o banco anunciou a aquisição de 50% do capital da ContaSuper, que oferece serviço de cartão pré-pago.

Na opinião do gerente nacional de Inovação da CAIXA, Rogério Saab, a maioria dos bancos já reconhecem o poder competitivo das fintechs: alta tecnologia, agilidade para implementar suas estratégias, mobilidade e atuação segmentada. “A melhor estratégia ainda tem sido de parceria com a startup. A cultura dos bancos tradicionais ainda não permite a adoção de uma perspectiva flexível e tão dinâmica de geração de negócios de uma fintech. Há necessidade de um tempo para que as grandes instituições absorvam essa nova cultura de serviços. As que fizerem isso mais rápido, certamente terão vantagem competitiva”, aponta Saab, complementando que a Caixa pretende acompanhar o movimento de mercado, desenvolvendo o ecossistema de inovação por meio de fintechs e demais empreendimentos inovadores, bem como evoluir na concepção do banco digital.

Todas as iniciativas ainda são apenas o começo de um movimento em ascensão. Especialistas acreditam que ainda haverá o momento de discussão desse modelo, da mesma forma que aconteceu com táxis e o aplicativo Uber, bem como redes hoteleiras e o site Airbnb. O sócio-fundador do Kitado dá seu palpite para o futuro. “Acho que 2016 vai ser um ano de muita provocação e reflexão por parte dos bancos. Como é um processo lento, acredito que começa- remos a ver algumas parcerias relevantes e inesperadas a partir de 2017”, afirma.

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