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Como a era digital impacta a gestão de pessoas nos bancos

por: Afonso Bazolli
fonte: Valor Econômico
07 de agosto de 2018 - 18:02

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Por: Letícia Arcoverde

Da adoção do internet banking a emergência de startups que prestam serviços que antes eram domínio de grandes instituições financeiras, o trabalho realizado no mercado financeiro é, cada vez mais, sustentado por avanços tecnológicos. Isso tem transformado a gestão de pessoas nas organizações do setor – que incluem grandes empregadores no Brasil, como os bancos de varejo. Elas estão tentando organizar equipes de maneira mais horizontal, atrair profissionais mais empreendedores e incluir a tecnologia como tema dos treinamentos para todas as áreas.

“Na medida em que o banco é cada vez mais digital, os processos internos também se tornam mais digitais”, diz Rodrigo Dantas, sócio e líder da indústria financeira na EY. Em um estudo produzido recentemente, a consultoria aponta os quatro principais passos para sobreviver às transformações dos talentos no setor, motivadas por mudanças tecnológicas e demográficas.

São eles compreender as expectativas de uma nova geração de profissionais – que está mais preocupada em buscar propósito no trabalho e pode não se sentir atraída por uma carreira no setor-, avaliar o impacto da ruptura causada pela tecnologia, mudar a cultura para incentivar mais diversidade e tornar a força de trabalho mais colaborativa.

“Isso faz com que o setor busque um perfil diferente, com fluência tanto no instrumental tecnológico quanto nas relações humanas”, diz Dantas. Segundo o consultor, embora os ambientes de controle e supervisão dos bancos não os tornem lugares muito propícios à inovação, investir em tecnologia virou uma questão de vantagem competitiva. “Globalmente, a primeira despesa dessas instituições é pessoal e a segunda, tecnologia. A tendência é que isso se inverta”, diz.

Ao longo deste ano, o Santander vem promovendo mudanças em sua estratégia de gestão de pessoas. Em junho, o banco relançou o programa de trainee, que havia sido interrompido em 2009 por conta da fusão com o Banco Real. Desenvolvido pelo RH junto com executivos do banco, o programa recebeu mais de 11 mil inscrições para cerca de 15 vagas.

“Ao rever qual perfil de trainee queremos, estamos revendo que tipo de líder queremos”, explica a vice-presidente de RH do Santander, Vanessa Lobato. “No passado talvez buscássemos um profissional muito mais ligado a normas. Hoje queremos um perfil empreendedor, mas com rigor para atuar em um ambiente regulado”, diz.

Se o cliente do banco hoje faz 90% das operações no celular, os 10% restantes vão precisar de um diferencial, explica Vanessa. “Para isso precisamos de pessoas preparadas tecnicamente, mas com perfil de consultor”, diz. No passado, havia a necessidade de recrutar profissionais com perfil operacional para cuidar de serviços internos nas agências, mas a tendência é esses processos se tornarem automatizados.

“Hoje 100% da agência lida com o cliente, por isso elas precisam de pessoas preparadas para se relacionar”, diz. Se antes as formações mais comuns na entrada eram administração, contabilidade ou economia, hoje o banco está mais aberto a graduações diversas – no programa de trainee, por exemplo, não foram delimitados cursos desejados.

O banco também está reformulando suas iniciativas de treinamento e desenvolvimento e vai inaugurar uma academia de ensino e liderança em outubro. Entre as aulas haverá uma cadeira sobre transformação digital. A ideia do banco, no entanto, é mudar a metodologia de trabalho na instituição, o que já começa pela própria academia, que terá entre os professores multiplicadores internos e altos executivos do banco. “É um jeito diferente de trabalhar, mais colaborativo, horizontal e com equipes multidisciplinares. Isso implica mudança no gestor, que está acostumado a controle”, diz Vanessa.

Valéria Marreto, superintendente da área de pessoas do Itaú Unibanco, diz que o banco vem investindo cada vez mais em linguagens tecnológicas para os processos de recursos humanos e comunicação interna, por decorrência do que já é feito com o cliente. Como exemplo, cita o tradicional processo de trainee do banco, que antes incluía dinâmicas de grupo e entrevistas presenciais, e agora é todo realizado on-line.

O Cubo, espaço do coworking mantido pelo banco serve como incubadora de startups de tecnologia, é outro caminho para se conectar e comunicar com uma geração mais jovem. “Um dos desafios de grandes empresas, e bancos principalmente, é mostrar para o jovem um lado menos sisudo e burocrático”, diz. Recentemente, Valéria e outros executivos de RH do banco visitaram empresas no Vale do Silício para observar iniciativas da região.

O banco está investindo em processos mais horizontais e em mostrar que, justamente por causa do tamanho da corporação, há espaço para perfis mais empreendedores e mobilidade interna. Dos mais de 100 mil funcionários, cerca de quatro mil pessoas trocaram de vaga por meio de processos de recrutamento interno no último ano. O próprio projeto do Cubo foi idealizado e hoje é coordenado por um advogado que entrou no banco como trainee na área de fusões e aquisições.

Valéria conta que isso exige dos líderes uma capacidade de gestão diferente, tanto na hora de lidar com novas gerações quanto na organização de equipes. “Antes você tinha quase uma receita especifica do que esperar dos funcionários, como só contratar advogados para a área jurídica. Hoje, as equipes mais diversas exigem dos gestores a capacidade de adequar a linguagem e ter uma gestão mais flexível”.

Parte da metodologia de trabalho do banco se organiza sem equipes fixas, com projetos multidisciplinares com funcionários de diversas áreas, inclusive tecnologia – uma vez que boa parte das iniciativas do banco a envolvem. “Não dá mais para tratar a tecnologia como uma área puramente técnica e segregada do resto do banco. Pessoas que antes trabalhavam cada um na sua esteira hoje trabalham juntos.”

O banco criou um programa similar ao trainee com duração de dois anos para profissionais de tecnologia durante o qual eles atuam em projetos e passam por iniciativas de desenvolvimento de carreira e mentoring. Chamado de Programa Fellows, ele está sendo promovido pela segunda vez.

No ano passado, o foco foram profissionais seniores para os cargos de gestão na área de tecnologia. Neste ano, a busca é por especialistas com experiência em temas como desenvolvimento para mobile e big data, interessados em “participar da transformação digital do banco”. O processo seletivo será realizado todo pelo celular.

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