Por: Marcelo Caetano

Hoje quero contar uma história para você que mostra como às vezes a tecnologia pode não ser tão boa para suas vendas como você imagina…

Certa vez, estava fazendo uma visita a um cliente quando tive a oportunidade de conhecer Maicon, um vendedor de uma rede de lojas de vestuários da qual meu cliente era cliente!

Assim que a secretária anunciou sua chegada, Maicon abriu a porta e cara notei, em sua mão direita, uma pequena mala (que continha o mostruário que ele iria apresentar ao nosso cliente – meu e dele, claro) e, na mão esquerda, o que parecia ser um notebook.

Meio desajeitado e cambaleante com tamanho peso, ele se bateu na porta, pediu desculpa e entrou. Deixou todas as pastas no chão e esticou a mão, ofegante, para nos cumprimentar.

Antes de começar a falar, ainda sacou o smartphone do bolso esquerdo do paletó e o deixou em cima da mesa. Pronto, agora estava tudo a postos.

Maicon, então, finalmente abriu o pequeno mostruário e começou a tirar as peças de roupa. Logo, explicou:

- Trouxe apenas dez peças. O restante está no mostruário virtual.

Não resisti e dei uma olhada de canto de olho para o meu cliente, que esboçou um sorriso. Maicon, então, abriu a pasta e fez o pedido óbvio de todos que carregam um notebook:

- Você tem uma tomada para eu conectá-lo? Sabe como é, né?, bateria de notebook, depois de muito uso, não dura nada.

E não é que não havia tomada alguma por perto, apenas uma disponível no canto da sala? Como Maicon teve que ir para lá, puxamos nossas cadeiras e o acompanhamos. A cena era engraçada: no canto de uma grande sala, muito bonita e bem planejada, por sinal, nós três amontados olhando a tela de um computador ainda desligado. O vendedor, então, ligou a máquina, e quase pulamos das cadeiras com o susto que levamos logo na abertura tradicional do Windows.

- Desculpe, o volume está alto – disse o vendedor, já bastante constrangido.

A máquina, já não tão nova assim, demorou para carregar todos os programas. Enquanto isso, aquele papo furado rolava. Finalmente, o computador estava pronto. Só faltava abrir o programa com o mostruário virtual. Mais alguns segundos de espera e pronto. Lá está o programa aberto. Uma pequena mensagem de erro aparece na tela e ele clica no OK. Nada demais.

Agora sim, estamos com a coleção verão na nossa frente, dentro do computador. Fotos minúsculas de modelos vestindo as roupas que mal aparecem na tela. Pouco dava para ver os modelos, quanto mais as roupas.

Meu cliente, o comprador, começa a fazer o pedido. Maicon pede um segundo para ir buscar o smartphone, que havia deixado na cadeira. Mas o sistema não estava funcionando. Então, ele abriu o pedido no próprio notebook, que alterna lentamente entre o programa do mostruário e o de pedidos. Nisso, o telefone do Maicon toca. É um cliente que ele não pode deixar de atender. Atende, abre uma nota no bloco de notas do notebook (que dá mais uma travada) e anota a mensagem.

Depois de quase uma hora enrolados naquela confusão tecnológica, ele vai fechar o pedido no notebook, mas esbarra no fio e a fonte de energia cai.

Calma! Esse último detalhe foi só para enfeitar a história.

O mais importante de tudo é lembrar que, quando a tecnologia funciona bem e a utilizamos na medida certa, ela é ótima; mas quando tudo complica é que dá saudade daqueles vendedores de bloco de papel em mão e mostruário na mala.

Se meu cliente (e do Maicon também!) fosse um pouco mais impaciente, ele podia ter perdido a venda. Já pensou se isso acontece com você – ou com os vendedores da sua equipe?

A tecnologia é uma importante ferramenta para acumular informações sobre nossos clientes, mas mais importante do que acumular aparelhos é utilizá-los, efetivamente, em benefício do cliente. De nada adianta um software com todas as informações sobre o cliente, se você não usá-lo para melhorar seu atendimento ou vender mais.

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