Por: Fabiana Lopes

Com o crescimento das receitas de prestação de serviços e uma margem maior nas operações de crédito, o lucro do Banco ABC Brasil cresceu 13% em um no e somou R$ 90,1 milhões no segundo trimestre. Apesar da expansão do saldo de financiamentos no período, os números da instituição financeira mostraram também piora na taxa de inadimplência entre as grandes empresas clientes do banco.

O ABC também anunciou uma redução na estimativa de expansão do crédito neste ano, em meio a um cenário de menor demanda dos clientes e de mais cautela na concessão de empréstimos. A perspectiva de crescimento para a carteira expandida do banco, que inclui garantias prestadas e títulos privados, caiu de uma faixa de 8% a 12% para 3% a 8%.

“A decisão tem a ver com o que aconteceu no primeiro semestre, mas também porque acreditamos que o segundo deve apresentar um cenário semelhante”, disse o diretor de relações com investidores do banco, Alexandre Sinzato. Ele afirmou que a postura continuará conservadora na concessão de empréstimos.

O corte nas expectativas de crescimento foi mais acentuado no segmento de médias empresas, com faturamento entre R$ 50 milhões e R$ 500 milhões. Antes, o banco esperava que o saldo de empréstimos para esses clientes crescesse entre 10% a 15% no ano, estimativa revisada para 3% a 8%. Nas grandes empresas (com receita acima de R$ 500 milhões) a projeção de avanço entre 8% a 12% foi cortada também para 3% a 8%.

No total, a carteira de crédito expandida do ABC somou R$ 20,9 bilhões no segundo trimestre, com alta de 8,3% em 12 meses. Frente ao primeiro trimestre, contudo, houve queda de 2,1%. Já a carteira classificada pelo conceito do Banco Central somou R$ 11,6 bilhões, com alta de 12,7% em 12 meses.

Nesse ambiente de maior risco e complexidade, a qualidade dos ativos do banco já foi afetada. O índice de inadimplência acima de 90 dias atingiu 1,3% ao final do segundo trimestre, ante 0,7% em março e 0,5% em junho de 2014.

Sinzato disse que o movimento já era esperado e que o banco havia se preparado com um volume maior de provisões para calotes nos trimestres anteriores. “Não há expectativa de que a gente tenha tendência de degradação.”

Para o executivo, o estoque de provisões do banco é adequado e não deve ter grande avanço nos próximos trimestres. No segundo trimestre, as despesas de provisão somaram R$ 36,4 milhões, mais que o dobro do reportado em igual período do ano passado. Porém, houve queda de 15,9% ante os primeiros três meses do ano.

Sinzato afirmou que está difícil identificar um setor corporativo em que haja “dinâmica positiva” e que esteja em busca de mais crédito. “Todos os setores têm mostrado cautela e todos estão num processo de ajuste. As empresas ainda estão se adaptando a esse ambiente de redução do PIB”, observou.

Nesse cenário, as taxas maiores nos empréstimos têm aumentado a margem do banco com clientes, que cresceu 19,1% em 12 meses. Também houve salto de 60,1% na margem com o mercado, em parte por causa de uma maior demanda por operações de hedge.

O banco terminou o trimestre com margem financeira gerencial – após o efeito de provisões para devedores duvidosos – de R$ 189,4 milhões, 16,8% maior.

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