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Cobrança eletrônica custa a avançar

por: Afonso Bazolli
em: Cobrança
fonte: Valor Econômico
25 de novembro de 2013 - 18:06

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O Débito Direto Autorizado (DDA), serviço que permite a entrega eletrônica de boletos de cobrança, está longe de ter a popularidade que os bancos gostariam. Lançado em 2009, o serviço está distante de cumprir a meta traçada pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban) em sua estreia. A entidade esperava que em cinco anos houvesse a migração de até 50% das contas processadas no sistema financeiro para a modalidade. Essa proporção, hoje, chega a um terço, embora alguns dos cinco maiores bancos do país estimem que a penetração do DDA em sua base esteja entre 10% a 15%.

Por que o DDA custa a decolar, se em tese facilita a vida dos consumidores no pagamento de suas contas? A avaliação dos bancos é que, entre as empresas, o sistema funciona bem, entrega o que prometeu, e vem ganhando escala. O principal problema são os pagamentos destinados à pessoa física.

Embora seja crescente o número de pessoas cadastradas para receber as contas via DDA, são poucos os boletos que chegam pelo sistema para esse público. Ainda é forte a resistência de escolas, administradoras de condomínios, cartórios, concessionárias de serviços públicos e mesmo seguradoras, financeiras e administradoras de cartões em enviar seus títulos via DDA. Para os emissores, o pré-requisito para que os boletos sejam “reconhecidos” pelo sistema é que a cobrança seja registrada no banco, o que acarreta um custo extra.

No caso da cobrança simples – a que é feita pela própria empresa -, a instituição financeira só toma conhecimento dos pagamentos quando eles batem na compensação. Ao registrar a cobrança, o cliente pode contratar com o banco o envio dos títulos para protesto, em caso de atraso.

“O DDA é um produto exclusivamente brasileiro, não há produto semelhante fora do país, por esse motivo, não havia parâmetro de como seria sua adesão ao longo do tempo”, afirma Walter de Faria, diretor adjunto de serviços da Febraban, em nota. “Há uma forte questão cultural envolvida no processo, que talvez tenha sido subestimada: quem paga quer o recibo do documento físico, em papel.”

Dados da Câmara Interbancária de Pagamentos (CIP), ambiente onde ocorre a entrega eletrônica do DDA, mostram que, até outubro, o acumulado de boletos inseridos no sistema chegava a 878,5 milhões, 38,1% a mais que no mesmo mês de 2012. Só que 90% desse universo era destinado a empresas, com as contas pagas por pessoas físicas com uma fatia magra do total. O curioso é que, até então, havia 9,1 milhões de pagadores registrados no DDA, sendo 90% pessoa física. Ou seja, é um universo restrito de empresas responsável pelo grosso das operações.

Para os bancos, porém, o lento avanço do DDA na pessoa física, vai além da questão cultural. “Quando as concessionárias de serviços públicos e as empresas de cartão aderirem ao DDA, as operações de pessoas físicas tendem a superar, e muito, às de empresas”, afirma Fabiano Macanhan Fontes, gerente executivo da diretoria comercial do Banco do Brasil. O BB registrou neste ano 200 milhões de boletos no DDA e conta com cerca de 1,2 milhão de pagadores registrados.

As instituições financeiras, incluindo o BB, vêm trabalhando para viabilizar o DDA dentro de casa, em faturas de cartões e outros.

O Santander selecionou na base de clientes corporativos os maiores prestadores de serviços para pessoa física e vem fazendo, ao longo deste ano, um esforço de convertê-los ao DDA. “Tentamos desenhar um cronograma de implantação do DDA com eles e levantando quais os entraves para aderirem ao sistema”, afirma Leonardo Ribeiro, superintendente executivo de produtos de gestão de caixa do banco espanhol. “Os custos de não aderir ao DDA às vezes estão pulverizados na estrutura da empresa e ela acaba não percebendo que vale a pena.”

“O DDA é uma boa solução, mas muitos clientes pessoa física aderiram ao sistema e se frustraram já que, quase cinco anos depois, os boletos não chegaram. Não adianta fazer ações de propaganda sem reunir uma massa de emissores de boleto antes”, afirma o executivo de um grande banco, que pediu para não ser identificado. “O problema é que essa adaptação ao DDA não é prioridade para muitos.”

“O DDA ainda não pegou na pessoa física”, confirma Raimunda Maria Soares, gerente nacional de serviços da Caixa Econômica Federal, citando também a falta de boletos. Na pessoa jurídica, como boa parte da cobrança já era registrada nos bancos, a conversão para o DDA foi rápida. Ainda assim, a Caixa vai trabalhar em campanhas de incentivo ao uso do DDA por empresas, em especial de menor porte, premiando a adesão.

Alguns modelos de negócio, em especial aqueles em que o boleto é gerado na hora e pago em seguida, também ficam de fora do escopo do DDA, diz João Carlos Gomes da Silva, diretor do departamento de comercialização de serviços do Bradesco. Caso das dívidas renegociadas e compras de comércio eletrônico. “São modelo que dificultam o registro da cobrança e acabam ficando de fora”. (Felipe Marques)

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