Por: Gustavo Brigatto
Com a demanda em queda e a inadimplência dos consumidores em alta, fabricantes de eletrônicos e eletrodomésticos têm sido mais criterioso na concessão de crédito a varejistas e distribuidores.
Segundo executivos consultados pelo Valor, pedidos de carta fiança de grandes bancos e garantias de recebíveis – quando a empresa passa os créditos que tem a receber para garantir um empréstimo – se tornaram mais comuns. “Fabricantes e bancos estão muito preocupados com a situação do varejo”, diz o presidente de uma grande distribuidora, que preferiu não ter seu nome revelado.
No balanço do primeiro trimestre, a Whirlpool, maior fabricante de eletrodomésticos do país, reportou uma provisão para créditos de liquidação duvidosa de aproximadamente R$ 12,2 milhões, um salto de seis vezes em relação aos quase R$ 2 milhões registrados no mesmo período de 2015.
Em teleconferência com analistas para discutir o balanço do primeiro trimestre ontem, o presidente da Via Varejo, Peter Paul Estermann, disse que o cenário tem afetado a disponibilidade de produtos principalmente em redes de menor porte. Segundo ele, a Via Varejo está mais protegida por ter fechado o trimestre com um caixa e aplicações financeiras de R$ 1,2 bilhão. Na semana passada, o Magazine Luiza também havia relatado esse cenário.
O executivo de uma fabricante de eletrodomésticos disse que a relação com algumas redes de maior porte também tem exigido mais atenção, não é uma situação exclusiva das pequenas. “A questão é ser seletivo e criterioso, mas sem inviabilizar o negócio do cara”, disse
No primeiro trimestre, as vendas de bens duráveis caíram 11,9% na comparação com o mesmo período de 2015, ano que já havia apresentado desempenho fraco, segundo números da GfK antecipados ao Valor. O recuo mais forte ocorreu no segmento de máquinas fotográficas: 42,4%. O mercado de produtos de linha branca registrou retração de 11,9%.
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