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Novos canais de acesso ao crédito no país

por: Afonso Bazolli
em: Crédito
fonte: Brasil Econômico
02 de dezembro de 2013 - 18:05

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Por: Ivone Portes

Redes de vestuário apostam no segmento. Anefac mostra que operações de crédito com recursos livres cresceram 766,7% em 10 anos.

São Paulo – Conseguir um empréstimo está cada vez mais fácil no Brasil. O crédito vem crescendo nos últimos anos com bancos e financeiras buscando novos canais para chegar até o consumidor. Várias redes de lojas, em parceria com instituições financeiras, já oferecem empréstimos para seus clientes, sem que eles precisem criar um vínculo direto com bancos. Leader, Renner, Riachuelo e Magazine Luiza, por exemplo, começaram a apostar nesse ramo.

“Essa é uma tendência. A vantagem para o consumidor, que normalmente para pegar empréstimo em banco tem que ser correntista ou abrir uma conta, é a facilidade e rapidez. Para a loja, é um bom negócio porque ela recebe uma comissão pelas operações. E o banco ganha porque é mais um canal de venda”, diz Miguel Ribeiro de Oliveira, diretor-executivo de Estudos e Pesquisas da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade).

Levantamento feito pela Associação mostra que o volume de crédito com recursos livres para pessoa física cresceu 766,7% em dez anos. Saltou de R$ 82,523 bilhões para R$ 715,264 bilhões entre junho de 2003 e igual mês deste ano. O total de crédito do sistema financeiro passou de R$ 381.367 milhões para R$ 2,531 trilhões no período. Oliveira destaca que as condições de crédito, em geral, melhoraram. “Aumentou o volume de recursos disponíveis, com taxas de juros menores, mais prazo para pagamento e redução na inadimplência”.

Segundo a Anefac, os juros anuais para pessoas físicas, na média, caíram de 56,7% para 26,5% no período (veja quadro). Considerando os dados mais recentes do Banco Central, de julho último, os juros para empréstimos não consignados a pessoas físicas, dentro do crédito livre, estão em 79,3% ao ano. Nas lojas, ou mesmo em financeiras, as taxas podem variar mais e ficar mais altas, é o que se paga para obter crédito fácil e rápido. Por isso, os analistas alertam para que os consumidores tenham mais cuidado e comparem os juros cobrados pelos estabelecimentos.

A Riachuelo, por exemplo, trabalha com a Midway Financeira, que analisa o relacionamento dos clientes com a loja e a renda e faz consulta ao SPC/Serasa para concluir o empréstimo. As taxas de juros variam de acordo com o perfil de quem faz o pedido, ficando entre 6,99% e 12,99% ao mês – o que significa que giram entre 125% e 333% ao ano. Segundo o diretor Comercial da financeira, Antônio Francisco Amorim, a carência é imposta pelo vencimento do cartão do cliente, já que as operações têm datas vinculadas ao vencimento da fatura dos cartões, ficando a primeira parcela do contrato marcada para vencer de 10 a 40 dias da data da contratação.

Para este ano, a rede não deve mudar sua estratégia de venda. “Buscaremos o máximo de operações de crédito pessoal”, diz Amorim, acrescentando que não prevê reduções nas taxas de juros cobradas dos consumidores nas operações. “Não teremos alterações a não ser por realinhamento de perfis de clientes. Avaliamos sempre a possibilidade de reduções o que nem sempre se torna viável em função de aumentos de custos financeiros e índices de inadimplência.”

De acordo com ele, a inadimplência, de forma geral, teve um comportamento melhor este ano, “Conseguimos trazer as perdas com inadimplência geral em nossas carteira de crédito (Cartão e Crédito Pessoal) para níveis inferiores aos de 2012, sendo que para o crédito pessoal a inadimplência vem se mantendo constante desde o ano passado (leia mais sobre inadimplência no texto ao lado). “Fora isto, a exemplo de anos anteriores, deveremos entrar com uma campanha de cobrança para melhoria do perfil de recebimentos de nossa carteira”, diz.

A rede Leader viabiliza seu empréstimo pelo Bradesco, que também exige comprovação de renda. Os juros variam de 10% a 13% ao mês – 214% a 333% ao ano -, e há três tipos de empréstimos: o Cred Leader, que oferece 60 dias para pagar a primeira parcela, com detalhamento na fatura do cartão da loja e possibilidade de parcelar em até 15 vezes; o Saque Rápido Leader, empréstimo sem consulta no SPC/Serasa, em que o limite é pré-aprovado em dinheiro e recebido na hora, com parcelamento em até 10 vezes na fatura do cartão da loja; e o Cp Cheque Leader, em que o cliente solicita o crédito e paga o empréstimo em cheque. O dinheiro é liberado no mesmo dia, com depósito em conta corrente. Pagando em dia nos planos de 16 a 18 vezes, a última parcela sai grátis, não sendo necessário ter o Cartão Leader.

A loja Magazine Luiza, por sua vez, oferece o cartão Grana Extra, de saque. Ao ir na loja, o cliente comprova renda e fornece os dados para que o pedido seja avaliado no banco Itaú, que realiza o empréstimo.

Já a Renner exige que o cliente faça o cartão da loja, pra depois de seis meses requerer o empréstimo. A Alfa financeira é a responsável por conceder os recursos, e os juros variam de 6,99% a 10,99% ao mês -125% a 249,5% ao ano.

O diretor-executivo da Anefac explica que um conjunto de fatores tem influenciado o aumento da oferta de crédito no mercado. “A primeira delas é a estabilidade econômica. Vivemos durante muito tempo com falta de previsibilidade. Não dava para emprestar a longo prazo, porque uma crise emendava em outra. A estabilidade possibilitou a queda das taxas básicas de juros, o alongamento dos prazos, já que não tinham mais surpresas no caminho”.

Apesar da forte expansão, Oliveira afirma que o volume de crédito no Brasil ainda é baixo quando comparado às principais economias do mundo. De acordo com dados da Anefac, em 2003 o crédito representava 24,7% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. De lá para cá aumentou mais de 500%, passando a equivaler a 55,2% do PIB. O aumento é significativo, mas ainda demonstra que há potencial para crescimento, pois esta relação chega a superar 100% na média mundial.

Inadimplência de pessoa física preocupa menos

O assessor econômico da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), Altamiro Carvalho, diz que o nível de inadimplência chegou a preocupar no ano passado, mas já arrefeceu este ano, o que é uma boa notícia.

De acordo com dados do Banco Central de julho, a inadimplência entre pessoas físicas recuou para 7,2%, contra 8,2% no terceiro trimestre do ano passado. “Isso ocorreu muito mais por ação do próprio mercado de crédito, que passou a ser mais seletivo.”

Segundo a pesquisa da Anefac, a taxa de inadimplência geral, considerando tudo o que está vencido a mais de 90 dias, atingiu 5,2% em junho deste ano. Há dez anos, em junho de 2003, estava em 8,8%, o que mostra uma redução de 3,6 pontos percentuais no período.

Para pessoas jurídicas, a inadimplência atingiu 3,5% do total da carteira em junho último, contra 4,7% em igual mês de 2003, uma queda de 1,2 ponto percentual no período.

No caso de pessoas físicas, passou de 15,5% para 7,2% em dez anos, uma queda de 8,3 pontos percentuais no período.

Quanto a prazos de financiamentos, com recursos livres, a Anefac destaca que no caso de pessoas físicas atingiu em média 47,9 meses em junho deste ano, ante 9,8 meses há dez anos, correspondente a uma elevação de 388,8% no período analisado.

Para empresas, o prazo médio passou de 5,7 meses para 30,1 meses no período, um aumento de 24,4 meses 428%.

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