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Exclusivo: Analfabetos Financeiros: O problema é ainda pior

por: Afonso Bazolli
fonte: Best Performance News
31 de julho de 2016 - 14:06

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Por: Erika Cerutti

Crédito e educação financeira nem sempre andam juntos para o brasileiro e dois em cada três brasileiros podem ser considerados analfabetos financeiros. Confira a opinião de especialistas no assunto e seus insights sobre como reverter esse quadro.

O Plano Real trouxe o aquecimento econômico e a inclusão de milhões de brasileiros de classes mais baixas ao mercado de consumo, com acesso também a novos produtos financeiros. No entanto, somente 16 anos depois, em 2010, foi instituída via decreto presidencial, a Estratégia Nacional de Educação Financeira (ENEF), fazendo com que a educação financeira passasse a ser uma política de Estado, envolvendo instituições públicas e privadas, de âmbito federal, estadual e municipal. Mas, em pleno ano de 2016, a falta de conheci- mento sobre as próprias finanças ainda é um problema crônico no Brasil.

Segundo pesquisa realizada pelo instituto Gallup, a cada três adultos brasileiros, dois podem ser considerados analfabetos financeiros. O levantamento realizado em 2014 contou com a participação de 148 países e 150 mil pessoas. O Brasil ocupa o 68º lugar na lista dos países com mais conhecimentos financeiros, com 35% de acertos em questões sobre diversificação de risco, inflação, aritmética e juros compostos. Dinamarca, Noruega e Suécia obtiveram 71% de acertos, ficando na primeira posição nos conhecimentos financeiros. Já os Estados Unidos ficaram em 14º lugar na lista.

Não controlar o quanto gasta, não saber quanto paga de juros, não se planejar para imprevistos, utilizar cheque especial e rotativo do cartão de crédito como complemento de renda, além de desconhecer o valor dos rendimentos mensais são apenas alguns dos fatores que engrossam o coro de que falta educação financeira aos brasileiros. Uma forte consequência desse analfabetismo, aliado à crise econômica e ao aumento do desemprego, é o aumento do nível de inadimplência no país, que atingiu seu maior patamar em mais de três anos em dezembro de 2015 (5,3% contra 4,3% no ano anterior).

O primeiro fator a levar as pessoas a esse nível de falta de educação financeira é tratar a conversa sobre dinheiro em família como um tabu – uma pesquisa do SPC Brasil revelou que 35% dos casais brasileiros desconhece o valor do salário do companheiro e apenas 31% das famílias brasileiras falam abertamente sobre gastos e receita. De acordo com o consultor de educação financeira do Itaú e professor da Universidade Federal de Santa Catarina, Jurandir Macedo, esse tabu existe há mais de 30 anos, resultado de períodos de inflação altíssima, quando o acesso ao crédito era escasso e a realização de planejamentos financeiros não era comum porque todo o dinheiro recebido deveria ser gasto, fosse comprando produtos de necessidade básica e alimentos, ou mesmo na compra de bens.

“A nova geração foi criada por pais que viveram nessa realidade, porém vivemos uma outra época em que é necessário falar sobre dinheiro, planejamento e educação financeira para pensar no futuro, inclusive na velhice e na aposentadoria. O analfabetismo financeiro impacta enormemente o Brasil porque para um país crescer é necessário poupar a fim de investir em um segundo momento e os brasileiros têm uma cultura de consumo desenfreado sem pensar no amanhã”, comenta o especialista.

Mas a quem compete realmente a questão da educação financeira? Para o diretor econômico da ANEFAC (Associação Nacional dos Executivos de Finanças), Andrew Storfer, essa tarefa deve começar em casa, com as próprias famílias, porém vai além disso. “Muito pouco se tem feito no país em termos de educação financeira, mas também é papel do governo estimular esse conhecimento, orientando e alertando sobre os problemas de uma vida financeira desequilibrada e ensinando maneiras simples de fazer um planejamento. O outro pilar da educação é a mídia, que tem um papel fundamental em informar sobre o assunto e as consequências dessa falta de planejamento”, aponta.

UM PAIS DE ANALFABETOS

O Brasil ocupa a 8ª posição no nível mundial de analfabetismo. Tal constatação alarmante pode ser apontada como um dos motivos para o analfabetismo financeiro, já que a educação básica é ruim. É o que acredita Miguel Ribeiro de Oliveira, vice-presidente da ANEFAC, que explica que o analfabetismo financeiro é tão ruim quanto o analfabetismo em si, já que o analfabeto financeiro não está apto para lidar com o dinheiro, não se prepara para o futuro e terá dificuldade de acesso a bens de consumo. “A falta de educação financeira também eleva o nível de inadimplência e isso é muito prejudicial para o país, uma vez que gera consequências como juros mais altos, bancos mais seletivos, crédito restrito e até mesmo problemas de qualidade e produção nas empresas, já que funcionários com problemas financeiros inevitavelmente levam isso para o trabalho e produzem menos. A educação financeira é uma força que auxilia o país andar para frente, crescer, gerar mais empregos, mais renda e, consequentemente, mais qualidade de vida”, defende.

Para o brasileiro, crédito e educação financeira nem sempre andam juntos e é difícil frear o impulso de consumir sem planejamento. O resultado é que muitos consumidores não estão conseguindo pagar suas dívidas. Durante o último Congresso Nacional de Crédito e Cobrança, realizado em novembro de 2015, o diretor de educação financeira da FEBRABAN, Fabio Moraes, explicou que é emergencial tratar a inadimplência, mas que, a longo prazo, a grande questão será educaras pessoas para que situações de inadimplência como a que o Brasil vive nesse momento não se repitam. “Educação financeira é um assunto que envolve desde o cofrinho da criança até a sustentabilidade do planeta, é muito amplo. É necessário tratar esta questão como um assunto cotidiano e não como um tema acadêmico, pois abrange questões de comportamento e conhecimento. Essas duas frentes devem ser trabalhadas trazendo exemplos do dia a dia, de forma simples, para que as pessoas possam ter uma vida financeira adequada hoje e também no futuro”, declarou.

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