Uma simples pesquisa no Google sobre “Gestão de Pessoas” retornou em 0,17 segundo mais de 75 milhões de resultados! Isso enquanto escrevo este artigo. Provavelmente, quando o lerem, o número será maior. Se lançarmos o termo “Liderança”, obteremos outros 25 milhões de resultados, processados em 0,19 segundo.

Continuamente somos bombardeados com novas técnicas, metodologias, conselhos, artigos e livros sobre a melhor forma de gerir os nossos colaboradores. O livro O “Monge e o Executivo” do escritor James Hunter, lançado nos Estados Unidos em 1998 já vendeu mais de três milhões de exemplares no Brasil desde seu lançamento, em 2004, conforme o ranking da PublishNews.

Considerando o volume de informações disponíveis sobre os temas e a facilidade de acesso, podemos inferir que Gestão de Pessoas e Liderança são competências completamente disseminadas, enraizadas e consolidadas nas empresas brasileiras, correto?  Não. Muito se fala e muito se escreve. Mas, efetivamente, pouco se pratica.

Quando falamos de pessoas não há fórmulas milagrosas. Esta é a principal falha nos modismos em RH: Acreditar que um guru, técnica ou palestra resolverá todos os nossos problemas.

Em Gestão de Pessoas não existe generalização. Irá se decepcionar o gestor que tentar sistematicamente obter taxas de sucessos idênticas em realidades diversas, sem respeitar as particularidades regionais. Assim, uma campanha motivacional corporativa, se não for muito bem planejada, pode ser um sucesso em Belém, mas um fracasso em Porto Alegre.

Com pessoas é preciso exercitar a compaixão e a responsabilidade. É comum nos depararmos com empresas que usam o chavão “os funcionários formam o nosso maior patrimônio” – isso é, se a empresa estiver tendo lucros, caso contrário…

Não defendo o assistencialismo e entendo como funciona o retorno sobre o investimento, mas imputar drasticamente nos recursos humanos a sangria necessária para se alavancar resultados, sem avaliar ou implantar melhoria de processos, é descabido.

Creio que as melhores lições sobre gestão de pessoas são aprendidas em casa. Meu pai dizia: “o papel aceita tudo”. Então, do ensinamento de meu pai, derivo que um gestor experiente observa comportamento e não apenas currículo e características de personalidade. Hoje, com o fomento e riqueza de informações em redes sociais, um bom gestor pode acompanhar as causas que mobilizam e sensibilizam suas equipes! Eis uma grande oportunidade de debate e socialização.

Ainda das lições da infância, minha mãe dizia “que seja sua palavra sim, sim; não, não”. Em gestão de pessoas a falta de informação, transparência e as meias verdades respondem pela desconfiança, pelos rumores e boatos. As pessoas temem muito mais o que imaginam do que aquilo que efetivamente sabem. Lembro-me de uma feira de informática onde o stand da PRODESP, a empresa de processamento de dados do estado de São Paulo, proclamava em letras garrafais: “Informação é poder, compartilhe!”.

E com gente tem que ter bom humor! Sou uma defensora ferrenha da alegria, bom humor e sorriso! Sei que é impossível estarmos 100% bem em todos os momentos do dia, mas podemos buscar isso. Tive uma gestora que me dizia que meu bom humor pela manhã “a irritava”! Conforme o Professor Dr. Stephen Robbins, da universidade do Arizona, nos Estados Unidos, os funcionários bem humorados tem sua base na estrutura genética. Ele diz que aproximadamente 80% das diferenças das pessoas no que tange à felicidade podem ser atribuídas aos seus genes! Não sou tão radical quanto o Professor Robbins, mas se ele estiver correto, então devo agradecer a minha mãe.

Outro defensor ferrenho da irreverência, bom humor é Richard Branson, fundador do grupo Virgin. Seus investimentos vão de música a viagens de balão, aviação, vestuário e até viagens aeroespaciais. Recentemente esteve em São Paulo para divulgar o livro “Like a Virgin”, onde detalha como uma abordagem mais leve pode trazer resultados. Para ele “o humor sobressaía em comparação aos nossos moribundos concorrentes”.

Após perder uma aposta em maio de 2013, o presidente da Virgin, Richard Branson, se
veste de comissária de bordo em voo da AirAsia. Os bilhetes foram leiloados para caridade.

Em seu artigo “Crise de Compromisso” o escritor e consultor Roberto Tranjan destacou Lou Gerstner, o CEO que tirou a IBM da bancarrota e que afirmava que queria ”gerir por princípios e não por procedimentos. Isso significa que quando surge uma situação, você não vai a um manual, pois sabe em seu coração e em sua cabeça o que fazer”.

Gestão de pessoas implica em compromisso, sem direito a terceirização! Ou você é ou não é gestor de pessoas. Não há meio termo. E você é?

Neiva Dourado Mendes (neiva.mendes@areadaqualidade.com.br) é consultora, palestrante, executiva de Gente e Gestão e voluntária no GRAAC de São Paulo. Possui mais de  30 anos de experiência nas áreas de recursos humanos, relacionamento entre empresas e consumidores, gestão da qualidade, compras corporativas, canais de vendas e retenção e tecnologia. Conta com grande histórico de transformações organizacionais no Brasil e em Portugal.

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