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Os perigos da acomodação profissional

por: Afonso Bazolli
em: Gestão
fonte: Exame
05 de maio de 2019 - 14:00

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Por: Roberto Aylmer

Por algum tempo ser workaholic chegou a ser tratado como sinal de comprometimento, a ponto de hora extra ser vista pela companhia como um padrão a ser seguido. Ainda que esse perfil seja comum, estudos mostram que seu custo é mais alto do que o imaginado. O trabalho excessivo pode, ao contrário do que parece, ser um sinal de acomodação. Olhando de fora jamais se pensaria que o executivo que trabalha 12 horas por dia é um acomodado, mas ele pode estar sob a pior forma de acomodação: fazer mais do mesmo. O jogo mudou e quando o jogo muda, é preciso mudar a estratégia.

Uma reflexão importante vem de uma comparação simples: de 0 a 10, o quanto você diria que seu mercado mudou nos últimos cinco anos? Agora, com sinceridade, de 0 a 10, o quanto você mudou sua forma de trabalhar no mesmo período? Não estou perguntando quantos cursos você fez ou que ferramentas aprendeu, mas o quanto você mudou sua forma de pensar e agir.

Talvez a taxa de mudança tenha sido muito maior no seu mercado do que em sua forma de trabalhar. Jack Welch tem uma frase clássica que resume este conceito. Ele disse que “se a taxa de mudança interna é menor do que a externa, então o fim está próximo”.

Não importa o quanto você sabe, mas o quanto você conseguiu manter sua taxa de mudança proporcional ao seu contexto. Por exemplo, se sua taxa de mudança como gerente for menor do que seus pares, seu diretor vai olhar para você como quem ‘derruba seus indicadores’, logo, seu fim estará próximo.

Se eu perguntar para executivos de uma mesma empresa se eles mudaram muito nos últimos 5 anos, talvez 90% diga que sim. Mas se eu perguntar se a taxa de mudança de seus pares, chefes e até da empresa é alta, talvez 90% diga que não.  Há uma área cega e de difícil diagnóstico na qual não enxergamos o risco real. Jim Collins, no livro “Como caem os grandes”, diz que a acomodação é como um câncer, que no estágio inicial é mais difícil de detectar, porém mais fácil de tratar. Já no estágio final é mais fácil de diagnosticar, porém bem mais difícil de tratar.

Aqui o perigo aumenta com a idade. É natural um jovem, iniciando sua carreira, ter pensamento centrado no próprio crescimento. Ele vem “vencendo os outros” desde a escola, na faculdade, na seleção (ou concurso público), entra na empresa e, finalmente, chega num cargo de liderança. Ele venceu! Bem, esse é o estágio mais fácil.

Ao ser promovido a gestor, o técnico tem 12 horas de felicidade. Celebra com a família e se sente avançando na vida, mas, no dia seguinte, tem um desafio para o qual nunca foi preparado: lidar com gente. E vai tentar resolver novos problemas com as velhas estratégias de técnico. Faz grande parte do trabalho da equipe e cobra das pessoas assim como foi cobrado pelos seus chefes.

Ao atravessar os 40/50 anos, ele vai precisar de outra estratégia para lidar com a complexidade de seu cargo e de sua vida. Sua equipe é maior (e às vezes geograficamente dispersa), com várias gerações diferentes, seus filhos são adolescentes, seu casamento (1o, 2o ou 3o) também tem desafios complexos. Ele já não consegue colocar mais horas em seu dia e precisa de um novo modelo de trabalho.

Nesta etapa, a estratégia de “vencer os outros” apresenta sua conta. Quanto mais ‘cadáveres pelo caminho’ tiver deixado e mais aliança tiver construído, mais conseguirá desembaraçar assuntos complexos. Muitos dos seus desafios dependem de alianças com outras áreas.

As tempestades vêm tirar cada um de nós do mundo conhecido, da nossa acomodação. E aqui cabe lembrar Epicuro, filósofo e navegador grego, que nos disse: “os barcos estão seguros na baía, mas não foi para isso que eles foram feitos”.

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