Por: Marina Falcão

Maior companhia de call center do país, a Contax avança na migração das suas operações para o Nordeste, onde enfrenta uma menor rotatividade de funcionários.

Nos próximos meses, a companhia vai inaugurar duas novas unidades na região que, juntas, têm capacidade para empregar 10 mil pessoas. Uma delas será em Salvador e a outra em cidade a ser definida. “Há mais de uma opção sendo avaliada no momento”, diz o diretor financeiro da Contax, Marco Schroeder. Metade dos 92 mil funcionários da área de call center da companhia já estão localizados no Nordeste e há previsão de que a fatia alcance 60% até o fim do ano, afirma Schroeder.

A transferência de operações da Contax para região, processo que começou há cerca de três anos, visa driblar a dificuldade de retenção de pessoal, tradicional problema do setor. Com isso, a companhia pretende aumentar a sua produtividade ainda que, de imediato, não haja menor custo com salários. “Enquanto no Sudeste treinamos um funcionário e ele fica na empresa por um ano, no Nordeste fica três, quatro. Quanto mais tempo no trabalho, mais e melhor o funcionário produz”, diz Schroeder.

O Nordeste representa 12,5% do faturamento do setor de call center no Brasil, que totalizou R$ 12 bilhões no ano passado, segundo Sindicato Paulista das Empresas de Telemarketing, Marketing Direto e Conexos (Sintelmark). Somente o Estado de São Paulo responde por 60% do setor, mas a tendência é de que essa fatia diminua enquanto a do Nordeste cresça nos próximos anos, afirma Stan Braz, presidente da entidade. “Os governos municipais da região [Nordeste] têm oferecido incentivos fiscais e outros benefícios para instalação das operações de contact center na região. O setor emprega muita gente e isso melhora indicadores sociais”, diz Braz.

Para capturar melhor os benefícios das mudanças na infraestrutura, a Contax acelerou no segundo trimestre a devolução de alguns espaços em regiões menos atrativas para a empresa, como no Sudeste. Algumas dessas unidades estavam ociosas, afirma o executivo. Segundo Schroeder, foram demitidas cerca de 800 pessoas como parte do enxugamento de pessoal no segundo trimestre, que inclui diversas regiões. Por conta das multas de rescisões de contratos de aluguel e indenizações trabalhistas, a companhia registrou uma provisão de R$ 11, 4 milhões no seu resultado do segundo trimestre, o que prejudicou seu desempenho operacional. O mesmo efeito, de acordo com Schroeder, deverá se repetir no balanço do terceiro trimestre.

Também no intuito de melhorar a eficiência, a Contax adotou recentemente medidas de racionalização de custos. Após as aquisições dos últimos anos – como das empresas Allus, Todo e GPTI – a companhia está centralizando atividades executivas, comerciais e de retaguarda. Entre as ações, está a integração da estrutura de serviços compartilhados de todas as unidades de negócios da companhia. Para os analistas Luis Azevedo e Tales Freire, do Bradesco, a reestruturação organizacional e a migração para o Nordeste podem trazer melhora significativa nos resultados da Contax após o terceiro trimestre. “[As mudanças] sugerem que 2014 pode ser um ano bem melhor para a companhia”, afirmaram os analistas em relatório recente.

A Contax encerrou o segundo trimestre com lucro de R$ 4,7 milhões. No mesmo período do ano passado os ganhos foram de apenas R$ 300 mil. Menor pressão do resultado financeiro e redução no pagamento de Imposto de Renda explicam a melhora no período. A receita líquida subiu 1,9%, para R$ 906,4 milhões. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) foi de R$ 77,5 milhões, com alta de 2,5% na comparação anual.

A previsão do Sintelmark é de que o setor de call center cresça cerca de 10% este ano. Schroeder diz que a expansão da Contax ficará abaixo desse patamar. Na primeira metade do ano, a receita líquida da companhia ficou estável em R$ 1,79 bilhão. Na média dos últimos cinco anos, a Contax aumentou seu faturamento em 20% ao ano.

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